Zimmer (Índia) – pensamento indiano

A principal finalidade do pensamento indiano é desvendar e integrar na consciência o que as forças da vida recusaram e ocultaram, não é explorar e descrever o mundo visível. A suprema e característica façanha da mentalidade bramânica (e isto foi decisivo, não apenas para o desenvolvimento da filosofia indiana, mas também para a história de sua civilização) foi a descoberta do Eu (atman) como entidade imperecível e independente, alicerce da personalidade consciente e da estrutura corporal. Tudo o que normalmente conhecemos e expressamos de nós mesmos pertence à esfera da impermanência, à esfera do tempo e do espaço, mas este Eu (atman) é imutável por todo o sempre, além do tempo, além do espaço e da obnubiladora malha da causalidade, além de qualquer medida, além do domínio da visão. A filosofia indiana, por milhares de anos, tem-se esforçado em conhecer este Eu adamantino e efetivar seu conhecimento na vida humana. E esta permanente inquietação é a responsável pela suprema e contínua renovação de imperturbabilidade que penetra as terríveis histórias do mundo oriental — histórias não menos extraordinárias, não menos apavorantes que as nossas. Através das vicissitudes da mutabilidade física, permanece a base espiritual da paz beatífica de atman: o Ser eterno, atemporal e imperecível. (Zimmer)

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