Ao invés da rotação de uma circunferência em torno de seu centro, pode-se considerar também a de uma esfera em torno de um eixo fixo; sua significação simbólica é exatamente a mesma. É por isso que as representações do “Eixo do Mundo” são tão numerosas e tão importantes em todas as tradições antigas; e o seu sentido geral é, no fundo, o mesmo das figuras do “Centro do Mundo”, salvo talvez pelo fato de evocarem mais diretamente o papel do Princípio Imutável em relação à manifestação universal do que as outras relações sob as quais o Centro pode ser também considerado. Quando a esfera, terrestre ou celeste, realiza a rotação em tomo de seu eixo, há dois pontos da esfera que permanecem fixos: são os polos, que se constituem nas extremidades do eixo ou em seu ponto de encontro com a superfície da esfera. É por isso que a ideia de Polo é equivalente à ideia de Centro. O simbolismo que se refere ao Polo, e que se reveste às vezes de formas muito complexas, encontra-se também em todas as tradições, onde possui um lugar considerável. E se a maior parte dos eruditos modernos ainda não se apercebeu disso, é mais uma prova de que lhe falta a verdadeira compreensão dos símbolos. (Guénon)
A sede (a palavra árabe é markaz, que significa exatamente “centro”) do Polo supremo (denominado El-Qutb El-Ghawth, para distingui-lo dos sete Aqtab ou Polos secundários e subordinados) é descrita de modo simbólico como situada entre o céu e a terra, num ponto precisamente acima da Kaabah, que tem a forma exata de um cubo e é também uma representação do “Centro do Mundo”. Pode-se portanto considerar a pirâmide (que por ser de natureza puramente espiritual é invisível) como que se elevando acima do cubo (este sim visível, pois se refere ao mundo elementar, indicado pelo número quaternário).
Os sete Aqtab correspondem às “sete Terras”, encontradas também em outras tradições; e esses sete Polos terrestres são reflexos dos sete Polos celestes, que presidem respectivamente os sete Céus planetários. (Guénon)