Zimmer (Índia) – seis tesouros

O terceiro dos meios necessários é a concentração, abordada no capítulo intitulado Os Seis Tesouros, sendo o primeiro sarna, “quietude mental, apaziguamento das paixões”. Sarna é a atitude ou modo de conduta que mantém a mente livre das perturbações provocadas pelos objetos dos sentidos; e a única atividade sensorial permitida ao estudante de filosofia é a de escutar avidamente as palavras do seu guru. O segundo tesouro, dama, representa uma segunda etapa no autodomínio: “o subjugar dos sentidos”. De acordo com a psicologia clássica hindu, o homem tem cinco faculdades de percepção (audição, tato, visão, paladar e olfato), cinco faculdades de ação (fala, apreensão, locomoção, evacuação e procriação) e um “órgão interno” (antahkarana) de controle que se manifesta como ego (ahankara), memória (cittam), compreensão (buddhi) e pensamento (manas). Dama refere-se à atitude decisiva de afastar esta estrutura do mundo exterior. O tesouro seguinte, uparati, é a “completa cessação” das faculdades que têm por objetivo a percepção e a atividade sensórias. O quarto, titiksa, “resistência, paciência”, representa o poder de suportar sem a menor inquietação o calor e o frio extremos, a boa e a má fortuna, as honras e os insultos, as perdas e os ganhos e todos os outros “pares de opostos” (dvandva). O discípulo , agora, está em condições de direcionar sua mente para além das distrações mundanas. O quinto dos tesouros pode, então, ser obtido: samadhana, a “concentração constante da mente”. O discípulo é capaz de manter sua atenção fixa nos ensinamentos do guru, e pode sumir-se ininterruptamente nos textos sagrados ou nos símbolos e temas inefáveis de suas intensas meditações. Samadha significa “juntar, unir, compor, colecionar, concentrar, fixar, aplicar atentamente (como o olho ou a mente)”. Samadhana é o resultado obtido bem como a própria atividade em si. É a fixação da mente em algo, numa contemplação absolutamente imperturbada e imperturbável: “meditação profunda, estabilidade, compostura, paz mental, perfeita absorção de todo pensamento num só objeto”. Depois disso pode ser obtido o sexto tesouro, a fé perfeita. (Zimmer)

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