símbolos

Existem símbolos que são comuns às formas tradicionais, por mais diversas e afastadas que estejam umas das outras, não em consequência de “empréstimos” que, em muitos casos, seriam impossíveis, mas porque pertencem na realidade à tradição primordial, da qual todas essas formas provêm direta ou indiretamente. [Guénon]


Em sua origem, o símbolo é um objeto dividido em dois — fragmentos de cerâmica, de madeira ou de metal. Duas pessoas guardam cada uma delas, a metade desse objeto (o hospedeiro e o hóspede, o credor e o devedor, dois peregrinos, dois seres que se vão separar por um longo tempo etc). Mais tarde, ao juntar as duas metades, reconhecerão seus laços de hospitalidade, suas dívidas ou sua amizade. Os símbolos eram também, para os gregos da Antiguidade, sinais de reconhecimento que permitiam aos pais reencontrar os filhos abandonados. Por analogia, estendeu-se o significado da palavra aos cupons, senhas, fichas que dão direito a receber soldos, indenizações ou víveres, e a todos os sinais de adesão, presságios e convenções. O símbolo separa e une, comporta as duas ideias de separação e de reunião; evoca uma comunidade que foi dividida e que se pode reagrupar. Todo símbolo comporta uma parcela de signo partido; o sentido do símbolo revela-se naquilo que é simultaneamente rompimento e união de suas partes separadas.

A história do símbolo atesta que todo objeto pode revestir-se de valor simbólico, seja ele natural (pedras, metais, árvores, flores, frutos, animais, fontes, rios e oceanos, montes e vales, planetas, fogo, raio etc.) ou abstrato (forma geométrica, número, ritmo, ideia etc.). Como diz Pierre Emmanuel, podemos entender por objeto, neste caso, não apenas um ser ou uma coisa real, mas também uma tendência, uma imagem obsédante, um sonho, um sistema de postulados privilegiados, uma terminologia habitual etc. Tudo aquilo que fixa a energia psíquica ou a mobiliza em seu beneficio exclusivo fala-me do ser, em diversas vozes, diversas alturas, sob inúmeras formas e através de diferentes objetos intermediários; e eu perceberia, se lhes prestasse atenção, que esses últimos se sucedem em meu espírito por meio da metamorfose. Consequentemente, o símbolo afirma-se como um termo aparentemente apreensível, associado a outro que — este, sim — escapa à apreensão. [DS]


Os conceitos e as palavras são símbolos assim como as visões, os rituais e as imagens; igualmente, usos e costumes da vida cotidiana; porém uma realidade transcendente impregna todos eles. Ainda que sejam muitas as metáforas que refletem e apontam algo, sendo este algo expresso e revestido das mais diversas maneiras, permanece inefável, continua inescrutável. Os símbolos conduzem a mente à verdade, mas não são a verdade, daí ser enganoso adotá-los. Cada civilização, cada época deve fecundar e conceber seus próprios símbolos. [Zimmer]

Terminologia