Já aludimos à deificação (theosis) e aos grandes doutores, Gregório de Nissa e Máximo, o Confessor, que sistematizaram essa doutrina da união com Deus (cf. § 257). Em sua Vida de Moisés, Gregório de Nissa fala da “treva luminosa”, onde Moisés “declara que vê a Deus” (II, 163-64). Para Máximo, o Confessor, essa visão de Deus nas trevas efetua a theosis; em outras palavras, o fiel participa em Deus. A deificação é, portanto, um dom gratuito, “um ato do Deus todo-poderoso que emana livremente da sua transcendência, ainda que permanecendo essencialmente incognoscível”. Da mesma forma, Simeão, o Novo Teólogo (942-1022), único místico da Igreja oriental a falar de suas próprias experiências, descreve nestes termos o mistério da divinização: “Concedeste-ME, Senhor, que este templo corruptível — minha carne humana — se unisse a Tua santa carne, que meu sangue se misturasse ao Teu; e agora sou Teu membro transparente e translúcido.” (Eliade)