Muhyi-d-din Ibn ‘Arabî — TRATADO DA UNIDADE (Risalatul Ahadiyah)
Contribuição e tradução de Antonio Carneiro da versão espanhola de Roberto Pla com base na edição francesa publicada na revista “Être”, primeiro trimestre de 1977, traduzida do árabe por Abdul-Hadi. Málaga, Ed. Sirio, 1987.
Ninguém, salvo Ele mesmo, pode vê-lo.
Ninguém, salvo Ele mesmo, pode apreendê-lo.
Ninguém, salvo Ele mesmo, pode conhecê-lo.
Ninguém diferente de Ele pode ocultá-lo.
Ele se vê e se conhece a Si mesmo.
Seu véu impenetrável é sua própria Unidade.
Ele mesmo é seu próprio véu.
Seu véu é sua própria existência.
Sua Unicidade lhe vela de forma inexplicável.
Não é possível compreender a Unidade desde a dualidade, já que qualquer movimento que faça a mente para compreender já é dualidade. Por isso se pode dizer que “sua Unicidade é seu próprio véu” (da Unidade). Esta e outras expressões mistéricas querem expressar que a Unidade está fora dos limites da mente. Por isso é “não-nascida” (à existência perceptível da mente), e daí que à mente não lhe é possível alcançar a Unidade. No entanto, quando a mente cessá-lo que ocorre no curso do êxtase, aí está a Unidade, onde esteve sempre, porque é onipresente.