Pierre Gordon: IMAGEM DO MUNDO NA ANTIGUIDADE
A Via Láctea foi tomada por vezes como um caminho que conduzia ao céu. Denominada o «caminho dos deuses», corresponde exatamente a denominação sânscrita suravithi. É para alguns o caminho dos Espíritos: as almas o seguem para alcançar o mais alto. Os ameríndios do norte a denominavam a estrada das almas, a senda dos espíritos, a senda do mestre da vida. Segundo os pitagóricos as almas aí estagiam: daí descem para aparecer em sonhos aos homens. Para os maniqueus era a morada das almas puras. Cristãos e muçulmanos dela fizeram uma via de peregrinação: o que lhe conservou seu caráter sagrado: foi assim a Rota de Santiago de Compostela, e o caminho dos peregrinos da Meca. Outra corrente a assimilou a rio. — Trata-se por vezes de um rio de leite, posto que na antiguidade o leite era uma bebida da imortalidade. A ideia de rio e de Caminho se associaram para formar em sua unidade a concepção de um rio luminoso celeste, evoluindo então para a ideia de morada das almas puras.