virtude

HUMANO — VIRTUDE — ARETE

VIDE: ARETE; ALMA VIRTUOSA; GRATIDÃO

Virtude: — Hábito de praticar o bem, o que é justo, excelência moral; retidão, força moral, ação virtuosa, força, vigor qualidade ou poder, potencia, eficácia, etc.

Vemos, agora, com mais clareza. Todavia, é preciso ir mais fundo. Leiamos de novo o significado da palavra. Somos informados de que ela vem do latim virtus, virtutis, com o sentido de vigor, robustez, força, valor, coragem, energia, poder, etc.[[Em português virago (feminino de varão, vir) guarda a forma latina virago, inis, com o sentido de “mulher forte e corajosa como um homem.” No sentido pejorativo dá a ideia de mulher macho, de temperamento masculino, paraíba.]] Por sua vez, o vocábulo deriva de vir, viri, que significa varão, homem, macho, guerreiro, soldado, etc. [[Em grego o vocábulo andreia, de andros, homem, tem o sentido de virilidade, valentia.]] A raiz indo-europeia aparece no sânscrito viras (herói), no gótico vair (homem) e no úmbrico veiro. Cícero entende-a como a própria força do homem que o faz desprezar a dor e a morte (Tusculanos, II, XVIII). Tomás de Aquino, por sua vez, relacionou virtus com o étimo vis, que significa força. Enfim, a ideia básica que nos fica é a de energia, valor, força. Podemos dizer, então: virtude é uma força da alma. (Ao ser tocado por uma mulher hemorrágica já havia 12 anos, disse o Cristo: “Alguém ME tocou; eu senti que uma virtude saía de mim” (Lc 8,46)) Excertos do livro de Múcio Bezerra, “As sete forças da alma”


CRISTOLOGIA
Francisco de Assis: SAUDAÇÃO ÀS VIRTUDES


PERENIALISTAS
Julius Evola: A VIRTUDE

Frithjof Schuon: O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA — VIRTUDE

Lembremos aqui que a virtude, na visão da Philokalia, é “o estado natural da alma”, e isto nos permite também apreender o que as tradições asiáticas querem dizer quando falam de “ir além das virtudes”: uma virtude é um limite na medida que é uma expressão de nós mesmos, e é superada — ou realizada na sua plenitude, o que quer dizer a mesma coisa — quando não mais pertence a nós segundo qualquer forma própria nossa.

PÉROLAS DE UM PEREGRINO
A virtude é um raio da Beleza divina, na qual participamos por nossa natureza ou por nossa vontade (thelema), fácil ou dificilmente, mas sempre pela graça (kharis) de Deus.

Não há acesso ao Coração (kardia) sem as virtudes.

A virtude é a conformidade da alma (psyche) ao Modelo divino e à obra espiritual (praktike); conformidade ou participação. A essência das virtudes é o vazio ante Deus, o qual permite às Qualidades divinas entrar no coração e irradiar na alma. A virtude é a exteriorização do coração puro.

A virtude é deixar passagem livre, na alma, à Beleza de Deus.

Esforçar-se até a perfeição (katartismos): não porque queremos ser perfeitos (teleios) para nossa glória, senão porque a perfeição é bela (kallos) e a imperfeição é feia; ou porque a virtude é evidente, quer dizer, conforme ao Real.

A virtude separada de Deus se converte em orgulho (hyperephania), como a beleza (kallos separada de Deus se converte em ídolo; e a virtude vinculada a Deus se converte em santidade (hagiasmos), como a beleza vinculada a Deus se converte em sacramento.

Toda virtude é uma participação na beleza do Uno e uma resposta a seu amor (eros).

Uma virtude é um perfume divino no qual o homem se esquece de si mesmo.

A virtude implica no sentido de nossa pequenez tanto como no sentido do sagrado.

Não há virtude sem piedade, e não há piedade autêntica sem virtude.

François Chenique: DONS DO ESPÍRITO SANTO; SARÇA ARDENTE

As virtudes morais são a tradução das qualidades divinas no domínio da ação. Estas virtudes podem portanto ser tomadas como símbolos das qualidades divinas a realizar. A realização das qualidades divinas supõe a priori esta conformidade psíquica secundária, mas no entanto indispensável, que á a perfeição moral. A Sabedoria está bem acima da moral, mas o Sábio é “moral” por excelência. É vão de valor refletir a essência divina e de deixar vagar os elementos inferiores do eu sem lhes dar um guia que garanta sua conformidade essencial ao divino.


TAO
Max Kaltenmark: Excertos de “Les Notions philosophiques”, PUF, 1990

Como Tao, De ou Te é um termo fundamental do pensamento chinês. O binômio Daode significa na língua moderna, a moral em geral.
Antigamente, De, que se traduz correntemente por “virtude”, implicava sempre mais a ideia de “virtude eficaz”, em lugar daquela de “virtude moral”. Ter De, era exercer certo poder ou certa influência. Enquanto o Dao tinha uma eficacidade de ordem universal, o De era uma virtude que permitia realizações particulares, geralmente benéficas embora certos indivíduos fossem dotados de um De nefasto. O De era uma força interior, específica, que influenciava favoravelmente a entourage. O De é também a bondade, a generosidade. Segundo os confucionistas, adquire-se o De (ou Daode) pela prática das virtudes morais; não é mais uma virtude aristocrática como nas concepções antigas relativas ao poder dos chefes. Um sábio tem o De mesmo se não reina e uma tradição remontando a Mencius lhe dá até mesmo a pré-ciência sobre os dirigentes políticos.
Para os taoistas, o De tem um valor mais místico; é a ação do Dao presente no coração do Santo. Este, segundo Lao Tzu, não rejeita ninguém nem nenhum ser. Sua Virtude é um polo de atração e um refúgio; ela converte os homens ao bem sem que se deem conta. Em revanche, as outras correntes filosóficas, certas de possuir a verdade, rechaçam aqueles que não pensam como elas. Também Lao Tzu distingue dois tipos de De: o De superior é próximo da eficacidade do Dao ele mesmo; pertence ao Santo sem que tenha feito nada para obter. Mas desde que tenha feito esforços para ser virtuoso, adquire-se somente pequenas virtudes que louvam os confucionistas, a começar pelo ren, a virtude de humanidade benévola querida a Confúcio, para chegar ao ritualismo (li) que é para um taoista, o mais desprezível porque o mais ativista e o menos respeitoso da liberdade de outro. Eis porque “o verdadeiro De não é um de ordinário e é verdadeiramente eficaz e benfazejo” Lao Tzu.

Perenialistas – Referências