Wei Wu Wei (HN:Pref) – “eu” inconcebível

tradução

Um corpo pode estar preso a cadeias, uma psique pode estar presa a complexos, um fenômeno conceitualizado pode estar preso, ou seja, pode considerar ele mesmo preso, e tudo pode ser liberado – pois ‘prisão’ e ‘liberação’ também são conceitos relativos.

Mas nada conceitual poderia atar nada além de um conceito. Eu não posso ser algo, pois não posso ser concebido, então como eu poderia estar preso? A “proposição” nem sequer pode ser posta – uma vez que não pode fazer sentido.

Nenhuma qualquer qualificação relativa pode ser posta do puramente nominativo Eu.

As pessoas pensam e até sustentam que podem considerar ‘Eu’ como um conceito, mas estão enganadas: o erro é devido a um abuso de linguagem. Eu não posso ser um conceito porque não posso conceber o que está concebendo. O que as pessoas concebem é um ‘mim mesmo’, assim como concebem um ‘você’, ambos objetos, e em ambos os casos, confundem o objeto com o sujeito, mas o sujeito não pode conceber o sujeito, exceto como um objeto – o que não é e nunca pode ser.

Este exemplo simples explica o mecanismo da falsa noção que é concebida como “prisão” e que nada mais é do que confundir um objeto conceitual e relativo, um “mim” fenomenal, por um eu numênico e absoluto.

Sou notoriamente invulnerável simplesmente porque nada na fenomenalidade conceitual pode alcançar o que sou, já que já sou tudo o que é! Não há dois objetos envolvidos que possam afetar um ao outro.

Além disso, como os objetos fenomenais estendidos no espaço-tempo conceitual podem alcançar qualquer tipo de contato com o que é a-espacial e a-temporal? Para fazer contato, dois objetos são necessários e apenas objetos são estendidos no espaço-tempo.

Os objetos são manifestações fenomenais na mente do que numenalmente eu sou: portanto, tudo o que eles jamais podem ser é o que eu sou, e eles não podem, e não precisam, fazer contato com tudo o que já são, sempre foram e sempre poderiam ser. “Contato” é um conceito relativo que, como todos os conceitos relativos, é inaplicável ao absoluto.

A noção de ‘eu’ e ‘você’ sendo de alguma forma diferente ou separada do que eles são, o que eu sou, é insustentável, mesmo na lógica da relatividade, dentro das limitações das quais ‘nós’ estamos confinados nessas discussões.

Portanto, um conceitualizado “eu” não sou de todo! E é assim porque eu sou a fonte e a origem de tudo o que parece ser, incluindo o processo de conceitualização ele mesmo. Portanto, não posso ser conceitualizado, pois não posso conceitualizar o que está conceitualizando que em última instância eu sou.

O que há aparentemente “misterioso” sobre tudo isto, toda esta tão simples e óbvia propriedade de ser? De fato e com certeza, como e todavia de fato, poderia ser de outra maneira?


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