O que somos é o que estou chamando de “mente integral”, que é o númeno. A manifestação disso que somos é um processo de objetificação que implica uma divisão em dois elementos: um sujeito que percebe e um objeto que é percebido. Isso é conhecido como “dualismo”, e todos os fenômenos, o que quer que seja percebido sensorialmente, são constituídos dessa forma, sendo a correlação de um conhecedor e aquilo que é percebido. É evidente que, sem essas duas categorias, nada poderia ter qualquer tipo de existência fenomênica, e é evidente também que nem o conhecedor nem aquilo que é conhecido poderiam ter qualquer existência independente, já que cada um só existe em função do outro.
A mente, que somos, portanto, é ambos os seus objetos, o cognoscente e o cognoscível; e o que quer que seja que cognosça e seja cognoscível deve necessariamente existir apenas nessa mente em que esse processo ocorre, e que é o que somos.
O cognoscente é necessariamente o que chamamos de “sujeito”, e o que é cognoscível é necessariamente o que chamamos de “objeto”, e o sujeito cognoscente de objetos considera sua função subjetiva como constituindo uma entidade que objetifica como um “si-mesmo”, ou seja, como ele mesmo.
Essa entificação permite o surgimento da discriminação, por meio da qual o conhecedor entificado, a fim de comparar e, assim, julgar seus objetos, imagina conceitos opostos, como bom e ruim, grande e pequeno, leve e pesado, por meio dos quais pode discriminá-los. Essa é uma aplicação adicional do princípio dualista do qual a manifestação fenomenal depende inteiramente, e todo raciocínio é a aplicação desse princípio e processo.
O próprio mecanismo da manifestação fenomenal depende principalmente da criação de uma estrutura objetiva imaginada composta do que conhecemos como “espaço”, no qual os objetos podem se estender e, assim, tornarem-se aparentes, e do que conhecemos como “tempo”, no qual podem ter duração, sem a qual sua aparência não poderia ser percebida. Todos os eventos fenomenais dependem, para sua extensão ou ocorrência aparente, desses dois fatores associados conhecidos como “espaço-tempo”.
Esse é um esquema do mecanismo pelo qual o universo fenomenal tão complexo se manifesta e evolui por meio de vastos períodos de “tempo” puramente suposicional em um “espaço” puramente suposicional. Isso, também, é o que somos, já que não há nada nele que seja diferente do que somos, que é o que chamei de noúmeno ou mente integral.