NÚMEROS — VINTE
Annemarie Schimmel: THE MYSTERY OF NUMBERS
Certamente, 20 não é exatamente interessante para buscas místicas e mágicas, mas por outro lado, é extremamente importante na formação de sistemas de números. Pela simples razão que os dedos da mão e do pé somam 20, este número forma a base para contagem em muitas culturas. Entre os celtas, por exemplo, quarenta é chamado duas vezes vinte. Os Ainu do Japão têm um modo próprio de contagem onde expressam como os franceses, 80 como 4 x 20.
Os maias conectavam 20 com a deidade solar assim como em Babilônia era conectado com Shamash, o deus sol. Em Quiche, o sistema de escrita maia, a cifra para o número 20 é uma figura humana, e entre os Hopi, uma criança recebe seu nome no vigésimo dia para então se tornar um humano real.
Em diversos termos especiais em alemão ainda encontram-se remanescentes de um uso antigo de 20 como um número compreensivo: 1 Ries de papel, 20 folhas, forma um “livro”; 1 Stiege consiste de 20 ovos ou carneiros. O termo Stiege pode ser usado também para 20 jardas de linho, e a Schneise, uma pequena trilha por dentro da floresta, originalmente significava uma corda onde 20 bacalhaus nela pendurados para secar. Embora poucos alemães lembrem-se destes termos e de suas origens, em inglês, o velho “score” para 20 está ainda em uso como em “threescore and 1” = 61.
Algumas vezes, 20 aparece como um número redondo, como na Odisseia, onde se conta que Odisseu cortou 20 árvores para sua jangada. Na exegese cristão medieval, por outro lado, 20 era tomado como indicando a realização do ser humano dos 10 mandamentos em ato e em intenção, ou como um produto de 4 vezes 5, ou seja, os 5 livros do Pentateuco, que é a lei, e os 4 evangelhos, que significam a graça. Encontra-se também a explicação que 20 alude aos 4 Evangelhos guiando os 5 sentidos.