Realidades, raízes e suportes são todos redutíveis às coisas e situações conhecidas por Deus, ou seja, os objetos do conhecimento divino (ma’lumat). Em uma passagem, Ibn Arabi explica esse ponto ao discutir o poder de alguns dos amigos de Deus de entrar no Mundo da Imaginação e aparecer para diferentes pessoas ou até mesmo para os anjos sob vários disfarces. A “raiz” disso, diz ele, é o poder da “transmutação” (tahawwul), que é atribuído a Deus em um hadith encontrado em Muslim sobre o Dia da Ressurreição: Deus aparece às pessoas sob diferentes formas, mas elas continuam a negá-Lo até que Ele se apresente a elas de acordo com uma marca pela qual elas O reconhecem. Então, “Ele se transmuta na forma em que O viram pela primeira vez.”
Se não fosse por essa raiz divina [ou seja, a transmutação] e pelo fato de que Deus a possui e a possui em Si mesmo, a realidade [da transmutação] não poderia ser engendrada no cosmos, uma vez que é impossível haver algo no cosmos cuja forma não seja sustentada por uma realidade divina. Se houvesse tal coisa, haveria algo em existência fora do conhecimento de Deus. Mas Ele conhece as coisas somente por meio do conhecimento que tem de Si mesmo, e Seu Si (nafs) é Seu conhecimento. Em Seu conhecimento, somos como formas em uma nuvem de poeira (haba). (Futuhat II 44.24)