VIDE: CIBELE
Pierre Gordon: A IMAGEM DO MUNDO NA ANTIGUIDADE
O ritual de sexualidade se instaurou, até onde se pode julgar, por volta do fim do neolítico, sob a influência da civilização agrícola do matriarcado. A cultura do solo, em seguida a da coleta primitiva dos frutos e das raízes, como esteve durante muito tempo nas mãos das mulheres como havia estado na família primitiva, a coleta ela mesma. Este sistema social, que fixou a humanidade à terra, nasceu no Sul, à margem do oceano Índico, enquanto a civilização patriarcal de pastoreio se desenvolvia no Norte, e que em uma zona intermediária se apresentava aqui e ali o ciclo cultural dos caçadores. A última parte do neolítico foi marcada por fusões que deram sequência a um estado caótico, provocado pelos primeiros contatos.
A civilização agrícola feminina, em razão das benfeitorias que o trabalho da terra valia à humanidade, teve uma vitalidade excepcional e uma prodigiosa expansão. Todo o último período do neolítico — o que os gregos denominavam a Idade de Prata — leva sua marca. Os agrupamentos de direito feminino não podendo conceber o sagrado senão como hipostasiado em uma mulher transcendente, a característica deste período foi o culto da Mãe Divina, que se denominava Mamma, Baba, ou por vezes Ninni, Nanna, Anna, Anu (nutriz), e que não tendo neste início paredro masculino, era uma Virgem Mãe; elas subsistiu em diferentes povos, até o final do paganismo, sob a denominação de Virgem Celeste.