VIDE: psychanodia, Ascensão, Veículo da Alma, Viagem Noturna


René Guénon

SÍMBOLOS DA CIÊNCIA SAGRADA
A seguir, o autor ((wiki base=”FR”)Jérôme Carcopino[/wiki]) trata de precisar o papel específico de cada uma das portas, e é aí que surge a confusão: “Segundo Proclo, Numênio as teria especializado de forma estrita: pela porta de Câncer, a queda das almas sobre a terra; pela de Capricórnio, a ascensão das almas ao éter. Em Porfírio, ao contrário, é dito apenas que Câncer está ao norte e é favorável à descida, e que Capricórnio, ao sul, é favorável à subida, de modo que ao invés de estarem submetidas de forma estrita ao ‘sentido único’, as almas teriam conservado, tanto para ir, quanto para voltar, uma certa liberdade de circulação”. O final desta citação exprime apenas, para dizer a verdade, uma interpretação cuja responsabilidade deve ser atribuída por inteiro ao sr. Carcopino. Não vemos, de modo algum, em que o que diz Porfírio seria “contrário” ao que diz Proclo; está formulado talvez de um modo um pouco mais vago, mas parece no fundo dizer a mesma coisa. O que é “favorável” à descida ou à subida deve sem dúvida ser entendido como o que a toma possível, pois é pouco provável que Porfírio tenha pretendido deixar subsistir desse modo alguma espécie de indeterminação, o que, sendo incompatível com o caráter rigoroso da ciência tradicional, seria apenas para ele uma prova de ignorância pura e simples desse ponto. Seja como for, é visível que Numênio nada mais fez que repetir, sobre o papel das duas portas, o ensinamento tradicional conhecido. Por outro lado, se ele coloca, como indica Porfírio, Câncer ao norte e Capricórnio ao sul, é porque viu sua posição no céu. É o que, aliás, indica de forma muito clara o fato de, na citação precedente, tratar-se dos “trópicos”, que não podem ter outro significado, e de modo algum referir-se aos “solstícios”, que dizem respeito mais diretamente ao ciclo anual. É por isso que a situação enunciada aqui é a inversa daquela fornecida pelo simbolismo védico, sem que isso no entanto faça qualquer diferença real, pois trata-se de dois pontos de vista igualmente legítimos, e que concordam de modo perfeito entre si, desde que se conheça sua relação.

Leo Schaya

O HOMEM E O ABSOLUTO SEGUNDO A CABALA

Qualquer que seja o destino póstuma da alma humana, ela atravessa, depois de ter deixado seu corpo de carna, — como antes de sua vinda ao mundo, — o degrau cósmico correspondendo ao Paraíso terrestre. Ela passa por este degrau sendo aí revestida de seu Corpo Edênico e aí permanecendo durante uma duração supratemporal mais ou menos estendida, e não fosse senão um “instante”, como aquele do juízo quando da ressurreição dos mortos. Se a alma não sofre então a sorte dos culpáveis, que é aquele de ser “expulsa do paraíso” e, portanto, de ser despojada do Corpo Glorioso, ela guarda este corpo para estadiar no Éden terrestre até o momento em que é chamada a subir ao Paraíso celeste.

“Uma tradição nos ensina, diz o Zohar, que quatro “Pilares” (nome de uma categoria de Anjos) se apresentam (neste caso) à alma tendo sem suas mãos um envelope (etéreo) semelhante a um corpo; ela disto se reveste com alegria e permanece na esfera que lhe foi reservado no Jardim do Éden aqui em baixo, e isto pela duração que lhe foi designada”, até o momento em que é chamada a subir mais e mais alto, através do Paraíso, assim que se extrai da sequência deste texto cabalístico.

Então, o Corpo Edênico ou Etéreo da alma se transforma em vestimenta celeste ou sutil, que a veicula em sua ascensão através do Paraíso do alto (v. Veículo da Alma); e esta ascensão pode segundo o grau de espiritualização da alma, alcançar em sua saída fora do cosmo, à transformação de seu corpo celeste em “Materia Prima” e à reintegração de sua essência espiritual na Essência Divina. É o processo inverso da descida da alma neste mundo, a respeito do qual o Zohar diz:

Antes de descer (de Deus) neste mundo, as almas entram no Jardim (do Paraíso celeste, depois naquele do Paraíso terrestre), elas recebem sete bençãos e são exortadas a servir (neste baixo baixo mundo) de pais aos corpos (quer dizer de guiar estes e de os manter no reto caminho); com efeito, quando a imagem (ou a forma) celeste (da alma humana, que é “deiforme”) está no ponto de descer neste mundo, o Santo, bendito seja, a conjura a observar os mandamentos da Lei e de fazer Sua Vontade…


Ioan Couliano


Contribuições

Antonio Carneiro

Em alemão tem a palavra “Himmelfahrt” que acompanhada de “Christi” traduz-se por Ascensão e quando por “Mariä ” por Assunção.

A palavra “Himmels” significa céus e a palavra “reise” viagem juntas “Himmelsreise” traduziria por viagem aos céus, talvez um pouco ingênua esta tradução. Tenho certeza que v. com seus conhecimentos sobre os termos e uso da terminologia gnóstica terá a palavra justa e perfeita para traduzir o sentido que carrega esse termo usado por Lilla.

Existe um artigo de Wilhelm Bousset1 (1865-1920) “Die Himmelsreise der Seele” , publicado em 1901, ARW 4, PP. 136—69, 228—73; reimpresso em 1960, 82 p., mas, infelizmente não localizei nenhuma edição em inglês para verificar qual a tradução feita para “ A Viagem aos céus da Alma” . Talvez os anglos traduzissem por “Journey of the Soul” .

Acredito que a questão não resume em mera tradução mas sim em conceituação. Acabei encontrando um texto que contribui para a definição.

Pesquisando um pouco mais encontrei: Chapter 22 Last Call: An Apocalyptic Warning from the Book of Mormon, Hugh W. Nibley


NOTAS:

1 Wilhelm BOUSSET s’y réfère souvent dans son ouvrage très érudit, “Apophtegmata. Studien zur Geschichte des altesten Mönchtums”, Tübingen, 1923. Malgré quelques erreurs de détail inévitables, l’essai d’identification par Bousset des diverses pièces de la collection arménienne est souvent d’une exactitude remarquable, et son ouvrage demeure un précieux instrument de travail.

PÁGINAS: