Existem já várias apresentações deste pensador na Internet. Destacamos o Site Symbolos, excelente site espanhol, que recomendo vivamente, onde se encontram além de muitos escritos de autores da Tradição, diversas páginas de ensaios de Ananda Coomaraswamy.
OBRA EM INGLÊS: INTERNET ARCHIVE
Para uma aproximação de seu pensamento metafísico, recomendamos a coletânea organizada por Roger Lipsey, da qual reproduzimos citações por todo site, em sua versão em espanhol — ARTÍCULOS SELECTOS METAFÍSICA
Apresentamos excertos de sua obra, em sua maioria muito bem traduzidos para o espanhol.
Ananda Coomaraswamy é um dos mais notáveis tradicionalistas, principalmente por sua erudição, patente em todos os textos que escreveu, especialmente após seu contato com o pensamento de René Guénon, com o qual veio a se corresponder muito, em uma troca que beneficiou ambos: tanto o próprio Guénon, pelos esclarecimentos que obteve sobre o Budismo, que guardava reticências e críticas, como Coomaraswamy pelo rigor das análises de Guénon, que o incentivaram ao estudo aprofundado dos temas que tratava, tornando seus escritos mais e mais densos, o que pode ser facilmente verificado, comparando-se seus primeiros escritos com suas obras não-publicadas, reunidas e editadas por Roger Lipsey (vide Artigos Seletos de Metafísica). A abundância de notas que acompanham seus textos mais maduros podem fazer sua leitura difícil, mas cercam tudo que diz de um contexto rico de referências às tradições, especialmente hindus e cristãs, além de guardarem detalhes muito importantes e significativos, como lembra Alan Watts. Em algumas partes, nas quais dividimos seus textos, para apresentação como página web, incluímos todas as notas do autor, para que se tenha uma noção de sua forma profunda e investigativa. Consideramos inadequado este formato para uma leitura online, geralmente superficial, das ideias apresentadas, assim optamos na maioria dos segmentos que dividimos sua obra, a usar ao máximo hyperlinks de palavras chaves no texto, que clicadas levam a páginas que apresentam não somente a referência do autor mas de outros pensadores também.
Esta página sobre Coomaraswamy é uma espécie de “Mapa” ou “Índice Geral” de tudo que incluímos neste site a partir de textos traduzidos em espanhol, das poucas traduções em português (lamentavelmente pobres), além de inúmeras referências às páginas Internet com material digital deste perenialista.
- ENSAIOS DE METAFÍSICA
- ENSAIOS DE ARTE
- ENSAIOS DE BUDISMO
- Ensaios sobre diferentes temas:
Mais da metade de minha vida ativa foi passada em Boston. Quero expressar minha gratidão, em primeiro lugar, aos diretores e curadores do Museum of Fine Arts, que sempre me deixaram totalmente livre para realizar pesquisas não apenas no campo da arte indiana, mas ao mesmo tempo no campo mais amplo de toda a teoria tradicional da arte e da relação do homem com seu trabalho, e nos campos da religião comparada e da metafísica, aos quais os problemas da iconografia são uma introdução natural. Sou grato também à American Oriental Society, cujos editores, por mais que fossem diferentes de mim “por temperamento e treinamento”, como disse certa vez o professor Norman Brown, sempre acharam que eu tinha “o direito de ser ouvido” e permitiram que eu fosse ouvido. E tudo isso apesar do fato de que os estudos que fiz necessariamente me levaram de volta a uma enunciação de doutrinas sociológicas relativamente impopulares. Pois, como um estudante de manufaturas humanas, ciente de que toda produção é per artem, não pude deixar de ver que, como disse Ruskin, “Indústria sem arte é brutalidade” e que os homens nunca poderão ser realmente felizes a menos que assumam uma responsabilidade individual não apenas pelo que fazem, mas pelo tipo e pela qualidade do que fazem. Eu não poderia deixar de ver que essa felicidade é eternamente negada à maioria sob as condições de produção que lhes são impostas pelo que é eufemisticamente chamado de “livre iniciativa”, ou seja, sob a condição de produção para o lucro em vez de para o uso; e não menos negada nas formas totalitárias de sociedade em que o povo é reduzido ao nível do proletariado, tanto quanto em um regime capitalista. Observando as obras de arte que são consideradas dignas de preservação em nossos museus e que já foram objetos comuns do mercado, não pude deixar de perceber que uma sociedade só pode ser considerada verdadeiramente civilizada quando é possível que cada homem ganhe a vida com o mesmo trabalho que preferiria estar fazendo a qualquer outra coisa no mundo — uma condição que só foi alcançada em ordens sociais integradas com base na vocação, svadharma.
Ao mesmo tempo, gostaria de enfatizar que nunca criei uma filosofia própria ou desejei estabelecer uma nova escola de pensamento. Talvez a melhor coisa que aprendi foi nunca pensar por mim mesmo: Concordo plenamente com André Gide que “toutes choses sont dites déjà”, e o que busquei foi entender o que foi dito, sem levar em conta os “filósofos inferiores”. Sustentando, com Heráclito, que a Palavra é comum a todos e que a Sabedoria é conhecer a Vontade pela qual todas as coisas são dirigidas, estou convencido, com Jeremias, de que as culturas humanas, em toda a sua aparente diversidade, não passam de dialetos de uma única e mesma linguagem do espírito, de que há um “universo comum de discurso” que transcende as diferenças de línguas. [Locução na comemoração de seu aniversário d 70 anos]