Enel1966
Comecemos então pelo que concerne à criação do homem, momento que se situa distintamente à parte de qualquer outra criação. O leitor talvez se lembre, se leu minha « Mensagem da Esfinge », que a linguagem dos hieróglifos possuía diferentes sinais para expressar a ideia de « criar ». Vamos repetir aqui brevemente o que já foi dito, pois trata-se de um ponto importante. De fato, não apenas era sobre ele que repousava a doutrina egípcia relativa à Criação, mas também constituía o fundamento do dogma exposto por Moisés no Livro do Gênesis.
Um dos sinais que expressavam a ideia de « criar » era aquele que representa um olho. Ele significava literalmente: « ver (examinar) o resultado de seu trabalho ». Este sinal, nos documentos relativos à Criação, aplicava-se especialmente à formação dos elementos. Assim, quando lemos que o deus Tem criou a terra e a massa das águas, este ato é expresso pelo sinal do olho Y R, e poderia, consequentemente, ser traduzido assim: o Criador « viu a terra e as águas » virem à vida graças à sua potência criadora. Encontramos, no livro do Gênesis, exatamente a mesma ideia a propósito da criação dos elementos: « … e Deus viu que isso era bom ».
Quando se trata, por outro lado, da criação do homem, o texto hieroglífico emprega a palavra QMA, escrita com o sinal que reproduz a espátula do escultor, e significando literalmente: « formar, modelar », como o escultor modela uma estátua a partir de uma massa bruta de argila. Ainda aqui encontramos a ideia no livro do Gênesis onde se diz que « Deus formou o homem do elemento adâmico », que não se deve confundir, como fez a versão dos Setenta, com o que chamamos de solo. (Ver: Fabre d’Olivet, « A Língua Hebraica Restituída », página 56). Isso concerne à formação do corpo do homem, tanto nos documentos egípcios quanto no texto bíblico.
Portanto, por seu corpo, o homem não é outra coisa senão uma parte dos elementos da natureza que o rodeia, e cuja formação precedeu o aparecimento da raça humana na terra.