As considerações deste livro [UTR] derivam de uma doutrina que não é propriamente filosófica, mas metafísica. Essa distinção pode parecer ilegítima para aqueles que têm o hábito de incluir a metafísica na filosofia, mas o fato de encontrar tal assimilação já em Aristóteles e em seus continuadores escolásticos prova precisamente que toda filosofia tem limitações que, mesmo nos casos mais favoráveis, como aqueles que acabamos de citar, excluem uma apreciação perfeitamente adequada da metafísica. Na realidade, esta última possui um caráter transcendental que a torna independente de um pensamento puramente humano, seja qual for. Para definir corretamente a diferença entre os dois modos de pensamento, diremos que a filosofia deriva da razão, uma faculdade totalmente individual, enquanto a metafísica refere-se exclusivamente ao Intelecto. Este último é definido por Meister Eckhart com pleno conhecimento de causa: “Há algo na alma que é incriado e incapaz de ser criado; se a alma inteira fosse assim, ela seria incriada e incapaz de ser criada, e isso é Intelecto”. Encontra-se no esoterismo muçulmano uma definição semelhante, mas ainda mais concisa e rica em valor simbólico: “O sufista (isto é, o homem identificado com o Intelecto) não é criado”.
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