Vamos tomar como exemplo para os três modos de pensamento que consideramos, a ideia de Deus: a perspectiva filosófica, quando não nega Deus pura e simplesmente e, mesmo substituindo esta palavra por um sentido que ela não tem, procura “provar” Deus por todo tipo de argumentação; em outras palavras, essa perspectiva busca “provar” tanto a “existência” quanto a “inexistência” de Deus, como se a razão, que é apenas um intermediário e de forma alguma uma fonte de conhecimento transcendente, não fosse capaz de “provar” qualquer coisa; aliás, essa pretensão de autonomia da razão em domínios onde apenas a intuição intelectual, de um lado, e a revelação, de outro, podem comunicar conhecimento, caracteriza a perspectiva filosófica e revela toda a sua insuficiência. Quanto à perspectiva religiosa, não se preocupa em provar Deus, permitindo até que isso seja impossível, mas baseia-se na crença; devemos acrescentar que a “fé” em nada se reduz a uma simples crença, caso contrário, Cristo não teria falado da “fé que remove montanhas”, pois é evidente que a crença religiosa não tem essa virtude. Finalmente, metafisicamente, não se tratará mais de “prova” ou “crença”, mas exclusivamente de evidência direta, evidência intelectual que implica certeza absoluta, mas que, no estado atual da humanidade, já não é acessível senão a uma elite espiritual cada vez mais restrita; ora, a religião, pela sua natureza e independentemente das pretensões dos seus representantes que podem não estar conscientes disso, contém e transmite sob o véu dos seus símbolos dogmáticos e rituais o Conhecimento puramente intelectual, como já observamos acima.
Schuon (UTR) – Ideia de Deus
TERMOS CHAVES: Deus