Alston (SSB3:VIII.1.7) – alma modificada?

7. Bem, mas não foi dito que a alma deve ser uma modificação porque é composta, e que, por ser uma modificação, deve vir à existência (e ter um começo)? A isso respondemos da seguinte forma: O fato de a alma ser composta não provém de sua própria natureza intrínseca, pois temos o texto “O único princípio divino permanece oculto em todos os seres, todo-penetrante, o Si mais íntimo de todas as criaturas”. Sua aparência de ser composta é ocasionada por adjuntos externos, como os aspectos inferiores e superiores da mente, os sentidos e o corpo, assim como a relação com adjuntos externos, como vasos, ocasiona o aparecimento de divisões no éter (ou espaço). E o próprio Veda declara que é o único Absoluto, além da modificação, que se envolve com a pluralidade da razão e com as outras faculdades, em passagens como “Em verdade, este Si que se identifica com a mente superior (buddhi), identificado com a mente inferior (manas), identificado com a visão, identificado com a audição, é o Absoluto”. Seu “estar identificado” expressa não sua própria natureza verdadeira, mas sua natureza como colorida por aquilo com o qual é identificado, como quando dizemos “Aquele libertino não é nada senão mulheres!”

É verdade que, ocasionalmente, ouvimos falar da “origem” e da “dissolução” da alma no Veda, mas isso deve ser entendido como se referindo à sua associação ou separação dos adjuntos (em particular, do corpo físico). A “origem” da alma se dá por meio da origem do adjunto e sua “dissolução” por meio da dissolução do adjunto. As palavras “Venerável mestre, você me deixou extremamente confuso. Em verdade, não consigo entender “Não há consciência após a morte”” são seguidas pela resposta: “Eis que não digo nada que possa ser fonte de confusão. Esse Si é realmente indestrutível. Mas chega um momento em que se separa dos órgãos que tornam possível a experiência empírica”. E o significado que se pretende transmitir com o tópico (a saber, que a alma individual não se origina e se dissolve como o éter e outros elementos) não é contradito, pois a alma é considerada nada mais nada menos que o Absoluto, que está além da modificação, enquanto o fato de que o Absoluto e a alma também possuem características distintas é estabelecido como sendo devido aos adjuntos limitadores externos associados à alma (que, como externos, não afetam sua natureza intrínseca).

A. J. Alston, Sankara (séc. VIII)