Antonio Machado: representação – consciência

tradução

A palavra representação, que desnaturou toda a teoria do conhecimento, diz Mairena em curso de retórica, se presta a numerosas confusões que podem ser fatais para o poeta. As coisas estão presentes na consciência ou ausentes dela. Não é fácil demonstrar e, de fato, ninguém demonstrou que elas estavam representadas na consciência. Mas, mesmo se se admite que existe um tipo de espelho na consciência uma espécie de espelho que reflete imagens mais ou menos semelhantes às coisas mesmas, é preciso sempre se perguntar: como a consciência percebe as imagens de seu próprio espelho? Porque uma imagem em um espelho coloca o mesmo problema de percepção que o objeto ele mesmo. Parece conveniado atribuir ao espelho da consciência o poder milagroso de ser consciente, e é dado como certo que uma imagem na consciência é a consciência de uma imagem. Assim, se esquiva da eterna questão, evidente para o bom senso: aquela da heterogeneidade absoluta entre os atos de consciência e seus objetos.

Vós destinados à poesia, artistas criadores de imagens, são convidados a sobre isso refletir. Porque também tereis que lutar com presenças e ausências, em nenhum caso com cópias, traduções ou representações.


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