Tudo o que é “imediato” primeiro se apresenta com a pretensão de me mediar, ou seja, de me subordinar a ele, e, portanto, depende acima de tudo da escolha que fiz para saber a qual “imediato” estou me submetendo e a qual outro, ao contrário, estou subordinando ou tendendo a subordinar a mim. Se a minha escolha for a correta, ao me subordinar a A, adquiro também o poder de me subordinar a B e, ao me perder (ao me negar), me vejo afirmado. (Eu chamaria, portanto, meu conhecimento (minha vontade, minha ação) de religioso, na medida em que emerge e retorna constantemente a uma subordinação desse tipo, e não a uma subordinação ruim; não é religioso no caso oposto. Também deve ser apontado (com relação ao uso que vários escritores modernos fazem das palavras regeneração, redenção, etc.) que cada ser primeiro e imediato (ser não testado, como diz Milton) ainda não é o ser verdadeiro; ele só se torna tal por um ato de mediação (que é o abandono do finito ao infinito); mas essa segunda geração ou essa regeneração não deve ser confundida com aquilo que o ser finito ruim, que já se individualizou, precisa para ser testado, isto é, para se tornar verdadeiro.
Embora Hegel não pareça fazer nenhuma distinção entre esse ser imediato que me transforma, ou seja, que me eleva, e o ser que eu mesmo elevo, entre o sopro vivificante que vem do alto e o alimento terreno, essa diferença não pode ser descartada. Da mesma forma, Hegel não conhece outro remédio senão o veneno (Encyclopédie des sc. phil. p. 201 72), ao passo que o verdadeiro remédio é veneno apenas para o veneno ele mesmo, mas é, ao mesmo tempo, para a vida cativa, algo que se liga amigavelmente a ela e a penetra.
[BaaderFC]