Pode-se aplicar a cada atividade do homem (e por conseguinte a seu conhecimento) o que vale de maneira geral para seu ser, a saber que é ao mesmo tempo em outro ser (superior a ele), que é com ele, e que este outro, superior (enquanto revelado pelo homem), existe por sua vez por ele : sobre este ponto remeto o leitor a meu tratado “sobre a força divinatória e de crença”. O conhecimento só ME é, com efeito, no princípio dado, e neste sentido pode-se admitir a fórmula de Voltaire “que o pensamento não é de nós”. Na evolução orgânica (no crescimento deste conhecimento em mim e por mim) faço então simplesmente função de colaborador, enfim na representação acabada (na expressão) eu ajo inteiramente, ao que parece, como ator único. Embora neste último momento da evolução ele possa parecer que os primeiros tenham desaparecido e que tenham sido transformados, eles estão portanto aí presentes e fundam precisamente por sua reserva ou retiro o advento do terceiro momento; eu não posso com efeito falando corretamente que exprimir (representar, tornar concebível) o que passivamente recebi na orelha espiritual, e isto que representei, em parte ativo, no olho do espírito; dito de outro modo, a manifestação passa por três momento joânicos do verbo, do signo e da tomada de posse. Mas em cada desenvolvimento orgânico a imagem primitiva (o princípio, o protótipo, o talento ou se preferir o dogma) permanece idêntico ou melhor retorna sempre através de todas as evoluções ou revoluções da vida que forma a história (pois a eterna renovação ou a eterna permanência só se realiza pela negação (a mutatio) constante do velho que se transforma; e é assim mesmo no processo de evolução do conhecimento que também é um organismo ou algo suscetível de crescer; e neste domínio a palavra de Paulo tem também valor: “Eis porque, homem! tua glória própria é vã diante de Deus ou em presença dele, pois que és tu ou que possuis (que fazes) que não tenhas recebido?”