O diálogo entre Ashtavakra e Janaka começa com a pergunta:
“Como o conhecimento pode ser adquirido? Como a liberação pode ser alcançada? Como pode ocorrer a renúncia?” (1)
Ashtavakra responde:
“Meu filho, se você está buscando a liberação, evite os objetos dos sentidos como se fossem veneno; e busque o perdão, a sinceridade, a bondade, o contentamento e a verdade como se buscasse o néctar”. (2)
“Você não é terra, nem água, nem fogo, nem ar, nem espaço. Você é a testemunha desses cinco elementos como Consciência. Compreender isso é a liberação.” (3)
“Se você se desapegar da identificação com o corpo e permanecer relaxado na e como Consciência, você será, neste exato momento, feliz, em paz, livre da escravidão.” (4)
“Você não pertence a nenhuma casta, como Brahmana, nem pertence a nenhuma posição na vida. Você não é objeto de nenhum sentido. Desapegado e sem forma, você é a testemunha de todo o universo. Saiba disso e seja feliz”. (5)
“O certo e o errado, a felicidade e a tristeza são todos atributos da mente, não de Você, ó onipresente. Você não é nem o fazedor nem o desfrutador, Você que sempre esteve livre de todos esses apegos.” (6)
“Você é o único observador e, como tal, sempre foi livre. Sua única escravidão foi ver outra pessoa como o observador.” (7)
“Você foi mordido pela serpente negra e mortal do ego e, portanto, se considera o executor. Beba o néctar da fé de que você não é o fazedor e seja feliz.” (8)
“Tendo queimado a floresta da ignorância com o fogo da convicção ‘Eu sou o Único, a Consciência Pura’, descarte todo o pesar e seja feliz.” (9)
“Você é aquela Consciência — a Suprema Bem-aventurança — sobre a qual aparece esta manifestação fenomenal, como a ilusão de uma cobra em uma corda. Viva feliz.” (10)
“Aquele que se considera livre é de fato livre, enquanto aquele que se considera preso permanece na escravidão. O ditado ‘Como se pensa, assim se torna’ é certamente verdadeiro.” (11)
“O Atman é a única testemunha, a Consciência que tudo permeia, perfeita e livre — sem ação, desapegada, sem desejo, em paz consigo mesma. É apenas por meio de uma ilusão que ele parece estar envolvido com o samsara.” (12)
“Abandone a ilusão de que você é o eu individual, juntamente com todas as auto-modificações externas e internas, e medite no Atman, a Consciência imutável e não-dual”. (13)
“Querida criança, há muito tempo você está preso nas amarras da identificação com o corpo. Corte-as com a espada do Conhecimento e seja feliz”. (14)
“Você é desapegado, sem ação, autoeficaz, sem mácula. Esta é, de fato, sua escravidão, que você pratique meditação.” (15)
“É você que permeia o universo, e esse universo existe em você. Você é verdadeiramente Consciência pura por natureza. Não seja mesquinho.” (16)
“Permaneça na Consciência que você é — incondicionada, imutável, sem forma, serena e imperturbável, de inteligência insondável”. (17)
“Saiba que o que tem forma é irreal e o que não tem forma é real. Tendo compreendido esse princípio, não haverá possibilidade de renascimento.” (18)
“Assim como a superfície de um espelho existe dentro e fora da imagem refletida no espelho, o Ser supremo também existe dentro e fora do corpo físico.” (19)
“Assim como o espaço todo-penetrante está dentro e fora do pote, a Conciência eterna e todo-penetrante é imanente em todos os seres e objetos.” (20)