René Guénon — Resenhas Comptes Rendus
Livro resenhado por Guénon: Wu Wei: A Phantasy Based on the Philosophy of Lao-Tse
Na íntegra em espanhol: Guenon Resenhas Taoismo
Henri BOREL. Wu Wei; traduzido do holandês por Mme Félicia Barbier.
René Guénon louva a iniciativa de reedição desta pequena obra sem pretensões “eruditas”, como sendo uma das melhores coisas escritas no Ocidente sobre o Taoísmo. Seu sub-título parece desmerecer o valor da obra, no entanto não é o caso como muito bem explica seu autor, que visou conservar a essência da sabedoria de Lao Tzu.
A obra de Lao-Tzu não é um tratado filosófico. O que ele nos aporta não são nem formas, nem materializações, mas são essências, que o autor diz ter impregnado seu estudo, que não se trata portanto de uma tradução de Lao Tzu.
A obra se divide em três capítulos onde se expõem sob a forma de debates com um velho sábio, a idéia do “Tao”, as aplicações particulares à “Arte” e ao “Amor”; estes últimos temas não foram falados por Lao Tzu, mas sua adaptação é legítima posto que decorrem essencialmente do Princípio universal.
No primeiro capítulo alguns desenvolvimentos se valem de Chuang Tzu, cujos comentários esclarecem da melhor forma as fórmulas concisas e tão sintéticas de Lao Tzu. A tradução exata do termo Tao é impossível como defende o autor, mas não seria de todo inconveniente sua versão para “Via” que é o sentido literal, mas entendido simbolicamente, posto que sua realidade não pode ser nomeada.
Guénon aprova inteiramente M. Borel quando protesta contra a interpretação de alguns sinólogos dada ao termo “Wu Wei”, como “inação” ou “inércia”, posto que é justamente o contrário que se deve entender: “Quando saberes ser Wu Wei, Não-Agente”, no sentido ordinário e humano do termo, serás verdadeiramente, e realizarás teu ciclo vital com a mesma ausência de esforço que a onda movente a nossos pés. Nada perturbará mais tua quietude. Teu sono será sem sonhos, e o que entrará no campo de tua consciência não te causará qualquer preocupação. Verás tudo em Tao, serás uno com tudo que existe, e a natureza inteira te estará próxima como uma amiga, como teu próprio si mesmo. Aceitando sem te emocionar as passagens da noite ao dia, da vida à morte, levado pelo ritmo eterno, entrarás em Tao, onde nada muda jamais, onde retornarás tão puro quanto de lá saístes”.