Jerônimo Bosch — A CARROÇA DE FENO
Excertos traduzidos do livro de Ernst Merten, “Hieronymus Bosch”
O INFERNO
Na portinhola direita a corja diabólica mergulha diretamente para o inferno. O objeto principal desta aba do retábulo (v. Carroça de Feno) é uma espécie de torre, local de uma grande atividade. Esta torre poderia ser considerada como um símbolo da analogia satânica com a Torre de Babel. A ilusão falseia sentidos abusados, o orgulho e a presunção, três verdadeiros degraus da cupidez, são aparentemente pedras destinadas a construir este edifício que se eleva a cada instante à medida que que se cometem dos pecados. Contrariamente aos demais retábulos de Bosch, esta portinhola do inferno, não está cheia de danados se contorcionando sob os suplícios diabólicos. Aí se conta sete personagens nos conduzindo à ideia dos SETE PECADOS CAPITAIS. O que parecia incompreensível sem dificuldade aos olhos dos contemporâneos de Bosch é para nós uma mensagem codificada que não apreendemos mais: a explicação de todos estes detalhes acumulados em uma única pintura se perdeu ao longo dos séculos. Certamente, continua-se a buscar com muitas dificuldades a significação de todos estes símbolos e sobretudo estabelecer a ligação entre eles mas deve-se concordar que não se alcançou até o presente a estabelecer de maneira satisfatória o esquema lógico das cenas de inferno pintadas sobre este retábulo.