Jerônimo Bosch — O TRÍPTICO DO JUÍZO FINAL
A área consagrada ao inferno ocupa cerca de 2/3 do espaço consagrado à história do mundo mas o paraíso permanece o elemento dominando claramente o conjunto da obra: acima dos eventos terrestres o Cristo assentado em um trono, pintado em azul sublime. É a mesma pessoa, a mesma figura que sobre a aba consagrada ao paraíso, procria segundo a ordem de Deus, o primeiro casal humano. O Filho de Deus acompanha os homens e está onipresente acima deles no curso de sua passagem transitória sobre a terra. As trompetas dos anjos soam o paelo a todos os horizontes: «Homem! Desperta!» e os doze apóstolos, ajoelhados da direita para a esquerda, gesticulam violentamente para suplicar e admoestar os homens. Acima do Cristo, no plano de trás do céu, Maria e João se recolhem no êxtase de suas orações. O Cristo não está assentado como para dar um julgamento e tal qual se o representa sempre nas cenas do Juízo Final. Os mensageiros dos anjos não conduzem senão parcimoniosamente algumas almas que foram buscar na terra e que acompanham ao reino celeste. Nada nesta cena que separa o Bem do Mal, a redenção da condenação. O espaço celeste está amplamente aberto, radiando serenidade e confiança para servir de contra-polo ao tumulto caótico que reina sobre a terra. Não é a redenção que forma o tema principal da obra mas a exortação, o aviso ligaods à imagem de esperança e da iluminação divina.