PROFECIA E SANTIDADE NA DOUTRINA DE IBN ARABI (MCSS)
Os trabalhos de Miguel Asin Palacios, de Henry Corbin, de Toshihiko Izutsu revelaram ao público ocidental a figura singular de Ibn Arabi. Se os grandes traços de sua metafísica começam a ser conhecidos, sua hagiologia quase não foi explorada, embora se constitua na primeira formulação global e coerente no pensamento islâmico de uma doutrina da santidade que ao mesmo tempo define a natureza e a função e precise os critérios de uma tipologia dos santos fundada sobre a noção de herança profética. Ela esclarece também com novas luzes o problema controverso da origem do “culto dos santos”.
A obra de Chodkiewicz, baseada sobre uma análise minuciosa dos textos, apresenta dados essenciais deste aspecto do ensinamento de Ibn Arabi. Conclui por uma descrição detalhada das duas fases — ascensão a Deus, descida às criaturas — da viagem iniciática cuja realização faz do santo o necessário mediador entre o Céu e Terra: assim o fim dos santos nada mais é que o fim do mundo.
Selo dos Santos (resumos e excertos a seguir, e links em caixa-alta)
- Prólogo
- Breve apreciação da recepção de Ibn Arabi no Ocidente
- Crítica por alto de algumas obras sobre Ibn Arabi
- Dificuldades de apreensão da imensa obra de Ibn Arabi (só o Futuhat mais de 17000 páginas)
- Conjugação em Ibn Arabi da santidade e do gênio; fusão em sua obra das ciências e das formas literárias mais diversas.
- Breve biografia de Ibn Arabi
- No início do capítulo IV de suas Futuhat Ibn Arabi se dirigindo a seu mestre e amigo tunisiano Abd al-Aziz Mahdawi, a quem dedicou esta obra, evoca a estada que teve com ele em 1201 e tenta persuadi-lo de se reunirem na Cidade Santa, “a mais nobre das moradas de pedra e de terra”. Em sequência trata do caráter mais ou menos favorável à contemplação dos lugares onde se reside. “Os lugares produzem um efeito nos corações sutis e logo há uma hierarquia das moradas corporais (manazil jismaniyya) como há uma hierarquia das moradas espirituais (manazil ruhaniyya)”. Este caráter privilegiado de certos lugares, ele precisa que te a ver com aqueles anjos, gênios (djinns) ou homens, que aí estadiam ou aí estadiaram. O espaço terrestre portanto não é neutro: a passagem de um santo ou sua estadia póstuma aí determinam de algum maneira um campo de forças benéficas. O Xeique al-Akbar dá ao mesmo tempo uma caução e um fundamento a uma das formas mais visíveis do “culto dos santos”.
- O “culto dos santos” se dirigiu inicialmente aos membros da família profética e aos Companheiros. Desde o século IV da hégira monumentos funerários foram edificados em Bagdá em honra dos santos ilustres do século anterior.
- A época de Ibn Arabi é como o início de uma nova era; ela vê surgir ao mesmo tempo as formulações teóricas e as instituições que orientarão todos os desenvolvimentos ulteriores da mística islâmica até nossos dias; é também a época em que se efetuam para o sufismo a passagem do implícito ao explícito em matéria doutrinal, e sociologicamente uma mutação que conduzirá do informal ao formal, da fluidez à organização. Os conceitos fundamentais se precisam e se ordenam em uma ampla síntese com a obra de Ibn Arabi. paralelamente as turuq (confrarias) começam a nascer e codificam em regras e métodos as práticas das quais elas são as herdeiras. O “culto dos santos” se estrutura e se intensifica sobre o modelo da devoção comunitária ao Profeta.
- Um nome compartilhado
- “Aquele que te vê ME vê”
- A esfera da walayat
- A Realidade maometana
- Os herdeiros dos Profetas
- Os quatro pilares
- O grau supremo da walayat
- Os três Selos
- O Selo da santidade maometana
- A ESCADA DUPLA