Mario Dal Pra, Enciclopédia Einaudi [EEEE]
Consideremos agora pelo menos algumas das perspectivas mais relevantes através das quais a astrologia, no curso da sua história, procurou realizar a sua visão unitária do saber, no desenvolvimento contemporâneo e paralelo de uma dimensão explicativo-causal, mediante a observação e o cálculo, e de uma dimensão mântica e interpretativa, mediante a conjectura e a profecia. Quer a astrologia procure extrair do exame do céu a determinação do destino dos reis e príncipes ou dos povos e dos reinos, quer entenda que o destino de cada homem e o seu carácter se encontram estritamente ligados às configurações celestes, e em particular que a figura do céu, no momento do nascimento, desempenha um papel fundamental na determinação do futuro, dá fundamento às suas inferências. É muito natural, em primeiro lugar, que se parta de um reconhecimento do céu que, embora se reclamando de uma observação mais simples e elementar, esteja perfeitamente de acordo com os procedimentos da ciência astronómica. O horizonte de um determinado lugar divide o céu em dois hemisférios, um visível e o outro invisível; o meridiano que passa pelo zénite, pelos pólos celestes e pelos pontos cardiais norte e sul, divide em seguida cada um dos dois hemisférios; no seu todo, o céu fica assim dividido em quatro partes; cada uma destas quatro partes pode ainda ser subdividida em três partes iguais, por grandes círculos que passam também pelos pontos cardeais norte e sul. Obtêm-se assim no total doze fusos, que corresponde às doze casas da astrologia: são as doze partes iguais, invariáveis e imóveis nas quais se pode dividir o céu; a cintura do zodíaco corta essas casas obliquamente; os círculos que limitam as casas encontram a elíptica em doze cruzamentos, que se chamam os pontos. Colocando agora o Sol, a Lua e os planetas sobre a elíptica, eles vêm a colocar-se entre dois pontos, numa casa bem determinada; cada planeta coloca-se durante um determinado tempo num ponto enquanto o movimento diurno passa cada dia através das doze casas. Estas, em conjunto com poucos outros pontos essenciais, são os elementos técnicos de base, com carácter astronómico, sobre os quais a astrologia desenvolve a sua mais complexa construção.