O mundo ou o plano de ser intermediário correspondente propriamente à função mediadora da Imaginação, a «cosmografia» mítica o designa como o mundo luminoso das Ideias-Imagens, das Figuras de aparição (alam mithali nurani). Certamente, a preocupação primeira de Ibn Arabi visa as conexões das visões coma faculdade imaginativa de um lado, com a inspiração divina de outro. De fato, todo conceito metafísico da Imaginação se encontra engajado na instauração deste mundo intermediário. Todas as realidades essenciais do ser (haqaiq ql-wojud) aí estão manifestadas em Imagens reais; e na medida que uma coisa manifestada aos sentidos ou ao intelecto, possui uma significação que, em ultrapassando o simples dado, faz desta coisa um símbolo, e na medida que ela exige assim uma hermenêutica (tawil), a verdade simbólica desta coisa implica uma percepção no plano da Imaginação ativa. A sabedoria que toma em conta estas significação, aquela que restituindo as coisas em símbolos, tem por objeto próprio este mundo intermediário de Imagens subsistentes, é uma sabedoria de luz (hikmat nuriya) que é tipificada na pessoa de José como intérprete exemplar das visões. A metafísica da Imaginação toma emprestado, em Ibn Arabi, muitos traços à «teosofia oriental» de Sohravardi. A Imaginação ativa é essencialmente o órgão das teofanias, porque ela é o órgão da Criação, e que a Criação é essencialmente teofania. Da mesma maneira, dissemos, na medida mesmo que o Ser Divino é Criador porque quis se conhecer nos seres que o conhecem, é impossível dizer que a Imaginação seja «ilusória», posto que ela é o órgão e a substância desta auto-revelação. Nosso ser manifestado é esta Imaginação divina; nossa própria Imaginação é Imaginação na sua.
(CorbinIbnArabi)