Corbin (II2) – Theosophos

Quando Sohrawardi e seus companheiros empregam a expressão hakim ilahi, o «sábio divino» ou o «sábio de Deus», este termo, lembremo-nos ainda, é a transposição exata do grego theosophos. A hikmat ilahiya, frequentemente a hikmat simplesmente, é a Theosophia, a palavra sendo entendida em sua acepção etimológica. A «Theosophia oriental» (ihsraqiya) é a sabedoria do Sábio que acumula ao mesmo tempo o mais alto conhecimento especulativo e a mais profunda experiência espiritual, a qual pode ser dita também etimologicamente especulativa, neste sentido que ela transmuta o ser do sábio em um speculum, um puro espelho se levantando no Oriente do mundo espiritual. É sobre esta base que seria fundada a hierarquia dos sábios «orientais».

O sábio «oriental» perfeito é um hakim mota’allih. Não é simplesmente um místico tendo uma experiência da mesma ordem que aquela de muitos místicos desprovidos de formação filosófica, ou crendo que esta é supérflua, até perigosa; não é somente um filósofo como muitos outros filósofos que ignoram o pôr em prática espiritual, a «realização» pessoal de sua filosofia. A experiência espiritual integral deste «teósofo», este sophos ou sábio da Sophia divina, pode ser caracterizada como sofiânica.

Excertos traduzidos de EN ISLAM IRANIEN. TOME 2: SOHRAWARDI ET LES PLATONICIENS DE PERSE

Henry Corbin (1903-1978), Theosophos