Dhammapada, o caminho do Dharma, Carmen Dragonetti, Editorial Sudamericana, colección oriente y occidente, Buenos Aires, 1967, 248 p., traducción directa del pali, introducción y notas de Carmen Dragonetti, sem ISBN.
Contribuição e tradução de Antonio Carneiro das páginas 147 até 149. Capítulo IX — O mal
116. Apresse-se para fazer o bem, afaste sua mente do mal; pois se alguém faz desidiosamente o bem, é no mal onde sua mente (manas) encontra seu deleite.
117. Se um homem chegou a fazer o mal, que não volte a fazê-lo uma e outra vez; que não ponha no mal seu deleite; a acumulação do mal produz o sofrimento (dukkha).
118. Se um homem chegou a fazer o bem, que o faça uma e outra vez; que ponha nele seu deleite; a acumulação do bem produz a felicidade.
119. O mau ainda possui a felicidade, enquanto não amadurece sua falta; mas quando amadurece, então o mau se dá conta de sua desdita.
120. O bom ainda padece de desdita, enquanto não amadurecem suas boas ações; mas quando amadurecem, então o bom encontra sua felicidade.
121. Não tenhais sequer nenhuma ação má (pensando): “Não terá consequências para mim”. O cântaro se enche ainda que com a água que cai gota a gota. Mesmo se acumulando pouco a pouco, o mal vai envolvendo o néscio.
122. Não tenhais sequer nenhuma ação boa (pensando): “Não terá consequências para mim”1. O cântaro se enche ainda que com a água que cai gota a gota. Mesmo se acumulando pouco a pouco, o bem vai envolvendo o sábio2.
123. Assim como um mercador rico evita, quando vai em caravana pequena, um caminho perigoso, assim como o homem desejoso de viver evita o veneno, assim deve-se evitar as más ações.
124. Com a mão que não tem ferida se pode colher veneno, este não penetra nela; mal não existe para o que não atua3.
125. Como pó fino lançado contra o vento, o mal volta-se contra o néscio que faz dano a um homem inocente, puro e sem mancha.
126. Alguns se reencarnam no seio materno; os que atuam mal vão para um mundo de sofrimento; os bons, para um mundo de felicidade; os que estão livres das impurezas da mente alcançam o parinirvana4.
127. Nem no ar nem no meio do mar nem dentro de uma cova da montanha se encontra aquele lugar aonde alguém, refugiando-se, poderia escapar (da consequência) de suas más ações5.
128. Nem no ar nem no meio do mar nem dentro de uma cova da montanha se encontra aquele lugar aonde alguém, refugiando-se, poderia escapar da morte.
na mam tam agamissati, literalmente “não chegará a mim”. Para reproduzir mais exatamente a ideia que se quis expressar nestas estrofes traduzimos, seguindo o comentário, “consequências não terá para mim”. ↩
purati, traduzimos “vá envolvendo” . Literalmente “é enchido” (passivo). ↩
akubbato: para o que não atua. Faz-se talvez presente na estrofe o quietismo a que pode conduzir a doutrina buddhista com seus preceitos de renúncias e despego. Quietismo ao que também pode levar a teoria do karman ( ver retribuição dos atos), pois cabe para uma ética de não-ação: para evitar as consequências tão dolorosas do ato, o melhor é renunciar à ele. Outra tradução possível de “natthi papam akubbato” (mal não existe para o que não atua), sem referência para uma atitude quietista, seria, sobre-entendendo outro papam (dano, mal) depois de akubbato, “mal não existe para o que não faz dano” . Muitos tradutores adotam este último sentido. ↩
parinibbanti: alcançam o parinirvana. Ver Nirvana. Ver também capítulo XXII, nota a Nirayavaggo: O mundo de sofrimento, e a nota às estrofes 17 e 18 (duggati-suggati). ↩
Referência ao inexorável da casualidade kármica. ↩