— O fato de o mundo não se manifestar como tal é, além disso, necessário para que as realidades disponíveis continuem a ser levadas em consideração. É precisamente essa não-manifestação do mundo que constitui a estrutura fenomênica da realidade fundamental deste vivente.” (Heidegger, Sein und Zeit)
O retiro do mundo para o qual a Ideia do mundo nos abre torna-se, portanto, uma necessidade se quisermos continuar a prestar atenção às coisas que nos cercam, mas que não atendem às nossas expectativas. O olhar enganador que a abertura transcendental, que caracteriza o vazio fundamental do vivente que somos, nos dá sobre nosso ambiente, esse olhar perspicaz que vê o “mesmo” mundo a partir dos mundos de nossos ambientes, passa a caracterizar a trágica ambiguidade da condição humana, que luta com uma Ideia que é produzida dentro dela e a abre para esse mundo que ela só pode reconhecer como uma “totalidade incondicionada”. A Ideia-Olhar está em desacordo consigo mesma, atraída para o falso, para o erro, para a errância. Errância que se mostra na lacuna que separa o ambiente do Espaço; Espaço que só pode surgir por meio da resistência de um ambiente. Aceitação dessa errância, a fim de tentar ouvir o que é anunciado nessa lacuna, que parece deixar o pensamento temporariamente de lado.