Esses três níveis de percepção correspondem ao surgimento tríplice da consciência:
Divisão (Bheda), que corresponde ao ser/estar-ciente da separação entre objetos.
Ser/estar-ciente da unidade na diferença (bhedabheda) representada pelos meios de conhecimento que servem como elo entre a unidade (abheda) do sujeito e a diversidade (bheda) do objeto.
Ser/estar-ciente da unidade indivisa (abheda) de todas as coisas como o sujeito puro.
Esses três níveis são mantidos juntos na plenitude (pūrnatā) da consciência, à medida que a onda de vibração (spanda) do ser/estar-ciente se move do nível inferior contraído da diversidade no processo de ascensão (ārohakrama) para o estado expandido da unidade, e da unidade para a diversidade no processo de descida (avarohakrama). Podemos entender esse movimento de dois pontos de vista. Primeiro, “verticalmente”, como um movimento do absoluto para baixo até sua manifestação e de volta em consonância com a emanação (srṣfi) e retirada (samhāra) da diversidade. Em segundo lugar, “horizontalmente” como o movimento de ser/estar-ciente em direção e para longe do objeto durante o ato da percepção. A percepção serve, dessa forma, como um paradigma para a cosmogênese e como um meio de realização da unicidade e a criatividade do absoluto.
Um aspecto do poder pulsante do ser/estar-ciente opera em cada nível como uma energia separada que gera, sustenta e anula a dimensão da experiência à qual corresponde. Assim, há três energias, a saber, as da vontade, do conhecimento e da ação, que correspondem aos níveis supremo (para), intermediário (parāparā) e inferior (aparā). Esses três são emanações ou aspectos do puro “eu-dade” [I-ness] do poder indiferenciado do ser/estar-ciente reflexivo da consciência. Essa é a vibração pura de sua Bem-aventurança, que contém e derrama todos os poderes que operam em cada plano de existência. É o ser/estar-ciente simultâneo da unidade de todos os três planos na unidade da contemplação não distraída. A autorrealização é o reconhecimento de que esse “eu-dade” integral (pūrnāhantā) se manifesta nesses três níveis e é a verdadeira natureza Śiva do iogue, que abrange todos os formatos possíveis de experiência, desde a unidade da consciência transcendental até a diversidade de suas manifestações imanentes. Spanda é, portanto, a poderosa onda de energia liberada pelo ato de ser/estar-ciente-de-si que transporta a consciência do nível inferior contraído para o estado supremo de expansão, liberando os não despertos dos tormentos da limitação e despertando-os para a plenitude da consciência universal.