O ser/estar-ciente serve para relacionar a objetividade com a subjetividade de tal forma que o objeto acaba por repousar no ser/estar-ciente-de-si do sujeito. Na realidade, ser/estar-ciente reflexivo é sempre ser/estar-ciente do “eu” (ahaṃvimarśa); nunca se objetiva, mesmo quando, na forma de ser/estar-ciente de “isto” (idaṃvimarśa), reflete sobre o objeto. A experiência que temos de coisas que existem fora da consciência se deve à falta de ser/estar-ciente-de-si. O ser/estar-ciente do objeto nunca está “aí fora”; é registrado e conhecido dentro do sujeito. Todas as formas de ser/estar-ciente repousam no sujeito:
“Assim como cada gota de água repousa no oceano, todos os atos e cognições (repousam) no Grande Senhor, o oceano da consciência. Até mesmo um pouco de água no chão, absorvida pelos raios do sol, vai, como chuva, para o grande oceano. Da mesma forma, todo conhecimento e ação no universo se fundem no oceano de Shiva, seja espontânea e evidentemente (sphuṭam), por si só ou (indiretamente) por meio de uma série de outros (processos)”.
A consciência individual e a universal são uma só. Os mesmos processos operam em ambas; a única diferença entre si é que, no caso da consciência individual, esses processos são representações restritas ou limitadas (saṃkucita) da operação maximamente expandida (vikāsita) da consciência universal. A atividade da mente é a da própria consciência ou, para ser mais preciso, de seu ser/estar-ciente reflexivo, o poder de Spanda. Assim, em nível individual, o ser/estar-ciente reflexivo:
É a capacidade do Si de conhecer a si mesmo em toda a sua pureza no estado de perfeita liberdade de todos os tipos de afetos; de analisar todos os seus estados de afetos variáveis, devido a causas internas ou externas; de reter esses afetos na forma de traços residuais (saṃskāra); retirar, à vontade, a qualquer momento, qualquer coisa do estoque existente de saṃskāras e trazer de volta um antigo estado afetado de si mesmo, como no caso da lembrança; criar um estado totalmente novo de autoafeição fazendo uma seleção criteriosa do estoque existente e exibindo o material assim selecionado no fundo do aspecto prakāśa, como no momento da livre imaginação.