Dyczkowski (MDDV:notas) – Xivaísmo da Caxemira

O termo “Xivaísmo da Caxemira” pode ser enganoso. O Xivaísmo monista que geralmente indicamos com esse termo não era a única forma de Xivaísmo na Caxemira, nem estava totalmente confinado à Caxemira. Os estudiosos souberam pela primeira vez da existência de uma forma distinta de teologia Śaiva predominante na Caxemira quando a obra do século XIV de Mādhavācārya, o Sarvadarśanasaipgraha, foi publicada na série Bibliotheca Indica em 1858, editada por īśvaracandra Vidyāsāgar. Em 1877, G. Bühler publicou um relato geral das obras de autores Śaiva não dualistas da Caxemira em seu Detailed Report of a Tour in Search of Sanskrit Manuscripts Made in Kashmir (número extra do Journal of the Bombay Branch of the Royal Asiatic Society, 1877). J. C. Chatterjee, o primeiro diretor do centro de pesquisa em Srinagar responsável pela edição e publicação da Série de Textos e Estudos da Caxemira, em seu livro Kashmir Shaivaism (Srinagar, 1914), foi o primeiro a se referir ao Śaivismo monista elaborado por autores da Caxemira a partir de meados do século IX e preservado nas obras posteriormente publicadas na série como “Xivaísmo da Caxemira”. Ele fez isso simplesmente para “distingui-lo das outras formas de Xivaísmo conhecidas e ainda praticadas em diferentes partes da Índia” (Ibid., p. 1). Desde então, esse termo tem sido geralmente adotado por estudiosos, embora não o encontremos em lugar algum nas obras desses autores, que simplesmente se consideravam Śaivitas expondo o Śaivismo Āgâmico (Śaivaśāsana) de um ponto de vista não dualista, sem enfatizar qualquer coisa peculiar à Caxemira.

Mark Dyczkowski