Elementos [JETH]

Julius Evola: A TRADIÇÃO HERMÉTICA [JETH]

E quando a sensibilidade psíquica para as forças profundas da natureza começa a debilitar-se em épocas mais tardias, então, para prevenir o equívoco, nas expressões da tradição hermética tornou-se comum a distinção entre os «elementos vulgares» e «mortos» por um lado, e, pelo outro, os vivos, que são os «nossos elementos» («nossos» referia-se àqueles que tinham conservado o estado espiritual a que correspondia a tradição): a «nossa» Água, o «nosso» Fogo, o «nosso» Mercúrio, etc. —não «os do vulgo», os «comuns» —, era uma gíria para significar que se tratava de elementos (fisicamente) invisíveis, ocultos, «mágicos», conhecidos apenas pelos «Sábios», porquanto «todos os temas escondidos»; que se tratava daqueles «elementantes» que devem ser conhecidos em nós e não dos que são sensíveis, terrestres, impuros, que são modificações da matéria física. Os quatro Elementos de que todas as coisas participam — diz Flamel — «não são aparentes à vista, conhecem-se pelos seus efeitos». O Ar e o Fogo, de que fala [?Bernardo_Trevisano], são «tênues e espirituais» e «não podem ser vistos com os olhos do corpo»; o seu Enxofre, Arsênico e Mercúrio «não são o que o vulgo pensa» e que «os farmacêuticos vendem», mas sim «os espíritos mencionados pelos Filósofos».
(…)
Mas, noutro dos seus aspectos, a Cruz leva-nos também do Dois ao Quatro, através dos quatro segmentos ou raios, determinados pela interseção. A Cruz é então a Cruz dos Quatro Elementos: Fogo em cima, Terra em baixo, à direita o Ar e à esquerda a Água. O estado de quietude e petrificação, que é o mistério do Sal, conduz-nos para além dele mesmo, como Fogo e Água, aos signos que hermeticamente dão os outros elementos: A Terra 🜃 é uma prisão, uma síncope da direção de «queda» própria da Água ∇; e o Ar 🜁, analogamente, é uma prisão, uma síncope da direção do fogo Δ. Desta maneira, pois, dos Dois, através do Terceiro (o Sal), originam-se os Quatro — a Tétrada dos Elementos:

Fogo Δ, Água ∇, Terra 🜃, Ar 🜁

Segundo este aspecto do símbolo, o ponto central da Cruz exprime o ponto de unidade dos quatro Elementos, o originário anterior e superior às suas quatro diferenciações, dadas pelas quatro direções: exprime, portanto, a Quinta-essência, o princípio incorruptível e simples que, segundo a tradição, seria o substrato, o princípio da vida e vínculo recíproco de tudo quanto se forma por via dos quatro elementos.

Alquimia, Julius Evola