Gematria

CABALA — GEMATRIA

Simbolismo
David Fideler — Excertos de “Jesus Christ, Sun of God Publisher: Quest Books”


Pitágoras, o primeiro grego a se chamar um “filósofo”, “um amante da sabedoria”, ensinou que todas as coisas são ordenadas e definidas pelo Número. Para os pitagóricos, Número representa um poder celestial operando na esfera divina, um verdadeiro modelo da natureza. Consequentemente, o Número é em si divino e associado com as divindades.

De acordo com Jamblico, Pitágoras recebeu a doutrina de sua iniciação nos mistérios do Orfismo. Segundo um de seus escritos pitagóricos, Orfeu ensinou que “a eterna essência do número é o mais providencial princípio do universo, do céu e da terra, e da natureza intermediária; e ainda mais… é a raiz de permanência da natureza divina, dos deuses e divindades”. Conclui Jamblico que Pitágoras “aprendeu dos escritores órficos que a essência dos deuses é definida pelo Número”.

De qualquer modo, tradições ainda mais remotas, como por exemplo a babilônica, representavam cada deus superior por um número inteiro, designando frações aos espíritos inferiores. Neste sentido não não é estranho que na tradição grega e hebraica, que utilizam as letras do alfabeto também como números, se tenha desenvolvido a chamada gematria, quer dizer, a interpretação só sentido de palavras e frases por seu valor numérico.

A palavra gematria, entretanto, se baseia na palavra grega geômetria (v. Geometria Sagrada), e assim se constituiu com linguagem sagrada da teologia grega antiga sendo usada inclusive por Platão. No caso do alfabeto grego a figura abaixo indica o valor atribuído às letras.

Na tradição gnóstica cristã, defendendo possuir uma forma de conhecimento secreto (gnosis), a gematria e o o simbolismo numérico foi utilizado em seus ensinamentos, conforme reportado por Irineu de Lião, Tertuliano, Hipólito e Jerônimo. Hipólito acusa, por exemplo, Valentino de ter adotado o simbolismo numérico dos pitagóricos, mencionando possíveis fontes em filósofos neopitagóricos contemporâneos, além de mestres cristãos, como o líder de uma seita gnóstica, Colarbasus, “que tentavam explicar a religião por medidas e números”.

A gematria é muito usada no sistema de Basilides, onde o regente dos “365 céus” de sua cosmologia é identificado como ABRAXAS ou ABRASAX, e é representado em amuletos mágicos deste período como uma divindade solar. Adicionando o valor das letras deste nome, obtém-se justamente 365, o número de dias do ano solar, e pode-se seguramente concluir que o nome foi “projetado” para ter este valor.

Jerônimo reporta (segundo Hans Leisegang que o nome da divindade solar MITRA — cuja adoração de muitas maneiras são paralelas a dos primeiros cristãos — é também equivalente a 365, o número do ano solar.

Os cristão herdaram esta ciência não somente dos antigos gregos, mas dos judeus helênicos, no caso, os tradutores (os Setenta) da Bíblia para o grego, em Alexandria, e posteriormente a escola judaica de Alexandria que teve seu ápice com Philon, e que adotaram a Septuaginta em seus estudos hermenêuticos.


Qabbalah
Gershom Scholem
Em seus estudos sobre a Cabala, Scholem dá uma espaço especial para apresentar aquele que talvez tenha sido um dos mais importantes desenvolvedores da gematria que veio da Antiguidade, Abulafia. Juntamente com Eleazer de Worms (século XIII) aplicaram um procedimento refinado de interpretação cabalística a partir do valor numérico das letras hebraicas, comparando com palavras com mesmo valor numérico total.


René Guénon — CABALA E CIÊNCIA DOS NÚMEROS

Sucede inclusive a veces que ciencias Tradicionales juegan una función más importante que la que acabamos de indicar, y que, además del valor propio que poseen en ellas mismas en su orden contingente, son tomadas como medios simbólicos de expresión apara la parte superior y esencial de la doctrina, de suerte que ésta deviene enteramente ininteligible si se pretende separarla de aquella. Es lo que se produce concretamente, en lo que concierne a la Qabbalah hebraica, para la «ciencia de los números», que se identifica ahí por lo demás en gran parte con la «ciencia de las letras», de igual modo que en el esoterismo islámico, y eso en virtud de la constitución misma de las dos lenguas hebraica y árabe, que, así como lo hacíamos destacar últimamente, están muy próximas la una de la otra bajo todas las relaciones [[Ver el capítulo anterior Qabbalah; rogamos a los lectores se allegue igualmente al estudio sobre La Ciencia de las Letras que forma el capítulo VI de los SÍMBOLOS FUNDAMENTALES DE LA CIENCIA SAGRADA.]].

François Chenique
Citando Paul Vulliaud, Chenique esclarece que a Gematria é uma interpretação simbólica dos valores numéricos das letras que compõem um palavra, a partir da condição peculiar dos alfabetos hebraico e grego onde as letras são usadas como cifras numéricas. Por outro lado, o Notarikon forma palavras novas tomando por inicial uma letra no início, no meio e no final de cada palavra. Finalmente, a Temura estuda as letras e as substitui uma pela outra seguindo combinações alfabéticas denominadas Tsirouphim. É assim que as letras da primeira palavra da Gênesis (Bereshith)dão lugar a numerosas combinações.

Perenialistas – Referências