Henri le Saux — ESCRITOS
Seleção de Marie Madeleine Davy
Absoluto
O Absoluto é liberdade, por definição mesma. O Absoluto, é o que nada associa, o que é só e totalmente mestre de si.
O pecado, é a recusa de um “ab-soluto” de entrar em comunhão com outros “absolutos” e logo com o Absoluto supremo que é Deus.
O mistério do absoluto que comportam a consciência e a pessoa do homem obriga a posar um tempo pessoal que, todos em se compondo com o tempo do universo, não lhe é menos transcendente.
O Absoluto, Deus, se manifesta em tudo; tudo deve portanto ser feito com a perfeição que convém à obra divina.
Deus, o Absoluto, está em tudo, como se vem a dizer. Nada portanto não é Deus, nada é o Absoluto.
Embora o Absoluto não seja realizável no tempo e que o tempo ele mesmo esteja sempre em movimento e em evolução até sua realização no “eskhaton”, há que o Absoluto deve de toda maneira se encarnar de fato em algo em um momento dado. Não é possível ao homem permanecer sem agir, como o diz o Bhagavad Gita.
Sofrimento, dor e alegria, velhice, nascimento e morte, tudo isso pertence ao nível do mundo fenomenal, sem ser todavia imaginação ou ilusão; todas estas coisas são evidentemente verdadeiras, mas a seu próprio nível. Há no homem um outro nível, aquele do Absoluto, do permanente.
O Si mesmo foi descoberto, subitamente o homem se descobre então ao mundo de brahman, ao mundo do Absoluto.
O monge (sadhu) é no meio dos homens o sinal simplesmente da divina Presença, o testemunho do Absoluto e do Mistério que está além de todos os sinais, um lembrança a todos que o homem é a princípio um Mistério de interioridade.
O drama é então entre a fé cristã e as novas exigência do Absoluto. A fé cristã se diz em posse do Absoluto: posto que há um verdadeira criação, uma verdadeira encarnação do Filho de Deus em um tempo e um lugar dados, as fórmulas dogmáticas e suas interpretações da lei moral, associam o homem com a força mesma do Absoluto. Esta Igreja é a via absolutamente única para o Absoluto.
O homem não ousa se aceitar como Absoluto. Então relaciona este Absoluto em Deus! Que alívio! Sim, transferência daquilo que é im-portável em si.
Jesus se reconheceu Filho de Deus, além de todos os Devas, de seu ser e do universo — de sua religião também. E nesta “prati-abhijnna” (re-conhecimento) reconheceu YHWH em sua grandeza real. Entrou voluntariamente nas instituições sociais e religiosas de seu povo mas jamais aceitou sua associação absoluta. Ele morreu no plano da natureza. Mas esta morte mesma foi sua vitória.
Só tenho uma mensagem, a mensagem do Absoluto. É esta mensagem mesma que Jesus e todos os visionários ensinaram: o face-a-face com a morte, Yama, com Deus. A nudez total deste face-a-face — na papa na punyam (sem mais nem mal nem bem).