IBN ARABI — SABEDORIA DOS PROFETAS
O “bem-aventurado” (as-sa’id) é aquele com quem “o Senhor está satisfeito” [Alcorão, XIX, 55]; ora, não há ninguém com quem seu próprio Senhor não esteja satisfeito, pois é por meio dele [ou seja, por meio desse ser relativo] que seu senhorio subsiste; todo ser é, portanto, “aprovado” por seu Senhor e [a esse respeito] todos são “bem-aventurados”. É por causa disso que Sahl at-Tostarî diz: “O Senhorio (divino, ar-rububiyah) envolve um segredo, e esse segredo é você mesmo” — ele está se dirigindo a cada indivíduo —, “se pudesse ser manifestado [isto é, se pudesse ser conhecido por outros], o Senhorio seria abolido”1; ele diz: “Se ele pudesse se manifestar…” porque, de fato, ele nunca se manifesta, de modo que o senhorio não será abolido. Pois nenhum indivíduo existe independentemente de seu Senhor [que é a “polarização” do Ato divino com relação a ele]; por outro lado, esse indivíduo existe perpetuamente [isto é, através de todas as existências formais, indefinidamente, mas não eternamente], de modo que o Senhorio [que se baseia nele] também subsiste perpetuamente.