IBN ARABI — SABEDORIA DOS PROFETAS
O mesmo se aplica a toda alma “apaziguada” a quem o ditado [do Alcorão] é dirigido: “Retornai ao vosso Senhor! Ó vós que estais em paz, retornai ao vosso Senhor, satisfeitos e aceitos; entrai entre os Meus servos e entrai no Meu Paraíso! [LXXXIX, 27], ou seja: retorne ao Senhor que uma vez o chamou e a quem reconheceste dentre a totalidade [dos aspectos divinos] — “satisfeito, aprovado; adentre entre os Meus servos” — adorando-Me nessa estação espiritual; pois entre os servos mencionados aqui está qualquer um que tenha reconhecido seu Senhor, esteja satisfeito com Ele e não se volte para o Senhor de outro servo1, embora reconhecendo eminentemente a Unidade essencial [de todos os seres]; — “e entre no Meu paraíso (jannah)”, — isto é, no Meu véu [a palavra jannah, que significa “jardim” e “paraíso”, implicando o sentido de “esconderijo”], sendo que esse paraíso não é outro senão tu mesmo, pois és quem Me vela com essa natureza humana; Eu sou conhecido apenas por ti, pois existes apenas por meio de Mim; aquele que te conhece Me conhece, embora ninguém [além de Mim] Me conheça [essencialmente], de modo que também não és conhecido por ninguém. Mas se entrares em Seu paraíso, entrarás em ti mesmo, e conhecerás a ti mesmo por outro conhecimento, diferente daquele que o fez conhecer seu Senhor [conhecendo sua alma], de modo que possuirás dois conhecimentos: conhecerás Deus em relação a ti mesmo, e O conhecerás por ti mesmo na medida em que Ele é Ele, não na medida em que existes.