Ilha Santa Primordial

ILHA — ILHA SANTA PRIMORDIAL

Pierre Gordon: A IMAGEM DO MUNDO NA ANTIGUIDADE

Segundo todas as tradições, a ilha santa primordial se situava a noroeste da Europa. Ela levava diferentes nomes: Tula, a Thulé dos gregos, — Ogygie, ogh iagh = ilha sagrada, — Elixioia, Ilha de Cristal, — Ilha das MaçãsIlha dos Quatro Mestres; para os escandinavos, era a Asgard, a Odainsakr, etc. Ela teve, em todos os países, sucursais: dito de outro modo, ilhas sagradas se constituíram em grande número segundo o modelo da Ilha Santa.

Quando a Grande Montanha neolítica foi fundada na região armênia-caucasiana, ela foi assimilada, dissemos, à ilha sagrada, que ela reorganizou, e com a qual ela se confundiu ontologicamente. Tinham-se assim duas Ilhas principais, uma a oeste, a outra a leste. Tinha-se, por outro lado, nas comunidades matriarcais, «ilhas das mulheres», onde sacerdotisas, hipóstases da Mãe Divina, presidiam aos ritos iniciáticos: elas santificavam os jovens pela união hierogâmica, depois de tê-los revestido de peles animais sacralizantes. Estas «ilhas de mulheres» foram estabelecidas por vezes na vizinhança de territórios sagrados ocupados pelos homens; e o grupo masculino, embora vivente aparte do grupo feminino, permanecia em simbiose com ele: havia uma reunião quando da grande festa iniciática anual. Estas sociedades bipartites ou dualistas entram no amazonismo.

Os mais antigos documentos gregos mencionam duas ilhas fundamentais: a ilha Æaia ou Æa, sobre a qual reinava Circe; segundo Estrabão, esta ilha, idêntica a Aia ou Æa que governa Æetès, irmão de Circe, se situa a leste; — a segunda ilha, Ogygie, reino de Calipso, se estende, ao contrário, a oeste; segundo Homero.ela está isolada no meio do Oceano, aparte de todo habitat humano, e os deuses eles mesmo hesitam a ir aí; na mesma direção se encontra a ilha de Scheria, onde residem os Feacianos; aqueles estão mais próximos dos deuses e frequentemente estes últimos vêm tomar parte em seus festins; suas naves são mais rápidas que a asa ou o pensamento; «sem piloto nem timoneiro como as outras naves, eles sabem os pensamentos dos homens e seus desejos» (Odisseia, I, 53; VI, 204-205; VII, 36, 203, 245; VIII, 557-559; XIII, 86, etc.). Lidamos certamente com seres transcendentes, muito próximos dos Hiperboreanos, cuja morada está nas mesmas paragens (além de Bóreas; além do pais dos Citas, escreve Heródoto).

Pierre Gordon