Índice
Como observei anteriormente, a visão de mundo de Ibn Arabi se apoia em duas bases: uma é o Absoluto e a outra é o Homem Perfeito. E, ao longo das páginas anteriores, analisamos sua visão de mundo ontológica exclusivamente sob o primeiro ângulo. Os capítulos restantes serão dedicados à análise da mesma visão de mundo sob o segundo ponto de vista.
I Microcosmo e Macrocosmo
Ao começar a discutir o conceito do Homem Perfeito (al-insan al-kamU), acho que é de especial importância observar que Ibn Arabi considera o “homem” em dois níveis diferentes. É importante manter essa distinção básica em mente, pois se deixarmos de fazer isso, seremos facilmente levados à confusão.
O primeiro é o nível cósmico. Aqui o “homem” é tratado como uma entidade cósmica. Na terminologia popular, poderíamos dizer que o que está em questão nesse nível é a “humanidade”. Em uma terminologia lógica, poderíamos dizer que se trata do “homem” como uma espécie. De qualquer forma, a questão não é sobre o “homem” como pessoa individual.
Nesse nível, o “homem” é o mais perfeito de todos os seres do mundo, pois ele é a Imago Dei. Aqui, o próprio “homem” é perfeito; o “homem” é o Homem Perfeito. O Homem Perfeito, nesse sentido, é o “homem” visto como um epítome perfeito do universo, o próprio espírito de todo o mundo do Ser, um ser que resume e reúne em si mesmo todos os elementos que se manifestam no universo. O “homem” é, em suma, o microcosmo.
No segundo nível, ao contrário, “homem” significa um indivíduo. Nesse nível, nem todos os homens são igualmente perfeitos. Há, desse ponto de vista, vários graus entre os homens. E apenas alguns deles merecem o título de Homem Perfeito. A maioria dos homens está longe de ser “perfeita”.
O presente capítulo tratará do Homem Perfeito conforme entendido no primeiro sentido.