Izutsu (ST:328) – Uno absoluto

O Uno absoluto é o Caminho (Tao) que permeia todo o mundo do Ser. Melhor dizendo, ele é o mundo inteiro do Ser. Como tal, ele transcende todas as distinções e oposições. Portanto, do ponto de vista do Caminho, não pode haver distinção entre o “verdadeiro” e o “falso”. Mas será que a linguagem humana consegue lidar com essa situação? Não. Pelo menos não da maneira como a usamos. “A linguagem”, de acordo com Zhuangzi, “é diferente do sopro do vento, já que o falante supostamente tem algo a transmitir”. No entanto, a linguagem, da forma como a usamos, não parece transmitir um significado real, porque aqueles que discutem sobre o acerto de “isto” e o erro de “aquilo”, ou a bondade de “isto” e a maldade de “aquilo”, etc., por exemplo, os dialéticos, estão “falando sobre objetos que não possuem conteúdos fixos definidos”.

Será que eles estão realmente dizendo alguma coisa (significativa) ou não estão dizendo nada? Eles acham que sua fala é diferente do chilrear dos pássaros. Mas que diferença isso faz, não é que não há diferença alguma?

Onde está oculto o Caminho (para essas pessoas), que existe o “verdadeiro” e o “falso”? Onde está oculta a Linguagem (no verdadeiro sentido da palavra), que existe o “certo” e o “errado”?….

(O fato é que) o Caminho está oculto por virtudes mesquinhas e a Linguagem está oculta pela vanglória. Por essa razão, confucionistas e mouros discutem sobre o “certo” e o “errado”, alguns considerando “certo” aquilo que os outros consideram “errado”, e alguns considerando “errado” aquilo que os outros consideram “certo”.

Se quisermos afirmar (em um plano mais elevado) o que ambos os lados consideram “errado” e negar o que eles consideram “certo”, não há meio melhor do que a “iluminação”.

(Toshihiko IzutsuSufismo e Taoismo)