Julius Evola

— JULIUS EVOLA (1898-1974)

BIOGRAFIA E BIBLIOGRAFIA
Julius Evola (1898-1974) é um buscador da verdade pelos caminhos da chamada “Tradição Primordial”. Ele se situa como René Guénon, Frithjof Schuon, Ananda Coomaraswamy e outros, na contracorrente do progressismo que se instalou desde o início da Idade Moderna, a partir da quimera tecno-científica advinda das ideias de progresso e de evolução. Fez parte integrante daquele grupo de pensadores que, no século passado, buscavam na Tradição a fonte primordial, originária do Éden, que fundou a Idade de Ouro, e, em seguida, ora exposta, ora oculta, percorreu as demais eras da humanidade.

Abordando seus escritos é preciso ter em mente suas próprias palavras, registradas em sua biografia intelectual (Le Chemin du Cinabre, Arché, 1983 — PDF em italiano), onde Evola assim se apresenta:

As páginas que me proponho escrever encontram sua razão de ser, na eventualidade de que a obra que escrevi, durante mais de 40 anos, venha a se tornar objeto de uma atenção outra, diferente daquela que lhe foi geralmente dada na Itália, até o momento.

Esta eventualidade parece muito problemática, dado o estado atual das coisas e o clima cultural e político-social que podemos prever para o futuro. De todo modo, minha intenção é de prover um guia para aqueles que se interessando retrospectivamente pelo conjunto de meus escritos e de minha atividade, queiram se orientar e encontrar aquilo possa ter nesta atividade um significado que vá além do plano pessoal e episódico.

O fato é que esta análise eventual poderá encontrar certas dificuldades. Em primeiro lugar, se terá diante de si livros que escrevi em diferentes períodos. É assim que, levando-se em conta sua inserção em uma época, eles podem dar a impressão de divergências muito importantes. A respeito disto, nada melhor que um guia.

O segundo ponto, mais relevante, em minha atividade — que conheceu diferentes fases e se dedicou a diferentes domínios — é que o essencial precisa ser separado do acessório, e especialmente nos livros de juventude, é preciso se dar conta de uma preparação necessariamente incompleta e de influencias de um meio cultural, que foram eliminadas a seguir somente, pouco a pouco, graças a um maior amadurecimento.

Em geral, é preciso levar em conta o fato que, em certa medida, tive que abrir o caminho sozinho. Não tive a ajuda, sem preço, que pôde beneficiar, em outros tempos e em um meio diferente, para desenvolver uma atividade análoga, aquele que desde o início esteve diretamente ligado a uma tradição viva. Quase como um perdido, tive que buscar me ligar por meus próprios meios a um exército que se distanciava, atravessando frequentemente terras infiéis e perigosas: uma certa ligação positiva se estabelecendo apenas a partir de um dado período. Na sua parte essencial e válida, aquilo que acreditei dever expressar e afirmar pertence, com efeito, a um mundo diferente daquele no qual me foi dado viver. Por isto, em um primeiro tempo, só uma orientação congênita me guiou; a clarificação e a precisão das ideias vieram em seguida, com a expansão de minhas experiências e de meus conhecimentos.

E conclui ao final do livro:

Alcançado o momento de concluir, se olho retrospectivamente creio ter feito, nos limites de minhas possibilidades, aquilo que “eu devia fazer”. Não tenho dificuldades em reconhecer que esta expressão concerne antes de tudo um fato subjetivo, quer dizer, a sensação que frequentemente experimentei e da qual já falei, de realizar um dever que aceitei como tal precisamente, pois que correspondendo em parte somente aquilo que teria provavelmente e naturalmente feito em outras situações — em uma civilização de tipo diferente — e que teria dificilmente consistido em “ser escritor”: mesmo que não tenha de forma alguma me identificado a esta atividade e mesmo se sempre a encarei como um meio com vistas a um fim. Além do mais, esta situação a qual acabo de mencionar fez com que as preocupações de um eventual “sucesso” não tenham pesado fortemente para mim de um ponto de vista pessoal: minha preocupação foi ou é, ao invés, de ordem objetiva, em relação ao máximo de efetividade que seja possível se, em relação aos objetivos perseguidos, me fosse dado, durante os diferentes períodos, reunir e melhor disciplinar minhas possibilidades.

Julius Evola