O apsu, o tehom simbolizam ao mesmo tempo o “Caos” aquático – a modalidade pré-formal da matéria cósmica – e o mundo da Morte, de tudo o que precede a vida e a sucede. A “Porta de Apsu” e o rochedo que oculta a “boca de tehom” designam não somente o ponto de intersecção – e portanto de comunicação – entre o mundo inferior e a Terra, mas também a diferença de regime ontológico entre esses dois planos cósmicos. Há rotura de nível entre tehom e o rochedo do Templo que lhe fecha a “boca”, passagem do virtual ao formal, da morte à vida. O Caos aquático que precedeu a Criação simboliza ao mesmo tempo a regressão ao amorfo efetuada pela morte, o regresso à modalidade larvar da existência. De certo ponto de vista, as regiões inferiores são comparáveis às regiões desérticas e desconhecidas que cercam o território habitado; o mundo de baixo, por cima do qual se estabelece firmemente o nosso “Cosmos”, corresponde ao “Caos” que se estende junto às suas fronteiras. (Eliade)