FRANCIS LUCILLE — EXPERIÊNCIA FENOMENAL
Nossa experiência fenomenal, expressão pela qual nomeio os pensamentos, as sensações corporais e as percepções dos sentidos externos, é uma diminuta fração de nossa realidade. Em ignorância estamos focados exclusivamente nessas extremamente diminutas frações do que somos. Meditação é o reequilíbrio, por assim dizer, de nossa atenção além do lado fenomenal de nossa experiência que nos hipnotiza, de volta para a realidade desde a qual o lado fenomenal de nossa experiência emerge. Assim é em nossa cultura, que é uma cultura ignorante, e na maioria das culturas na superfície da Terra, pois ignorância é a religião na superfície da Terra com a maior congregação. Em ignorância, a realidade é ignorada. É justamente isso que chamamos de ignorância, essa ignorância da realidade. Assim somos hipnotizados pelas aparições, pelas aparições fenomanais. Pode-se constatar em nossos sistemas educacionais, tudo é sobre aparições fenomenais. O pano de fundo de todas as aparições, a realidade dessas aparições, é constantemente ignorado em nosso sistema educacional. Do jardim de infância até os estudos de pós-graduação não há um único curso sobre consciência; consciência sendo definida como isso que está ouvindo essas palavras nesse momento. Em outras palavras, esse lado da realidade distinto do lado fenomenal é totalmente ignorado. Mesmo em Psicologia, Neurociências, ou disciplinas congêneres, aparentemente consciência está sendo estudada, mas o que é chamado consciência nesses casos é outra coisa do que a realidade que está ouvindo essas palavras nesse momento, qualquer que seja essa realidade. É algo diferente o que está sendo estudado nessas ciências. O que está sendo estudado ainda é fenômeno aparecendo nessa realidade. A realidade que percebe nunca é estudada. Ela é completamente ignorada em nossa cultura. Por isso na meditação menciono esse retorno a essa realidade.