Portal – Cores Simbólicas [RG]

René Guénon — Resenhas (Comptes Rendus)
RESENHA ORIGINAL: René Guénon sur Frédéric Portal
Frédéric Portal. Das cores simbólicas na Antiguidade, Idade Média e nos tempos modernos
Des couleurs symboliques dans l’antiquité, le moyen age, et les temps modernes

Segundo resenha realizada por René Guénon este livro do final da primeira metade do século XIX, é a única obra, até àquela época da resenha, que trata especialmente do simbolismo das cores. Não apenas os detalhes que aporta, nem a abundante documentação que guarda, singularizam esta obra, sendo o mais importante é em apresentar-se como a aplicação de uma “ideia fundamental cujo alcance, assim como notam seus editores no prefácio, vai além do quadro indicado pelo título, e que é a idéia de uma Revelação primitiva e perfeita depositada no berço da humanidade e que teria dado nascimento a todas as doutrinas tradicionais que alimentaram sua vida espiritual no curso das épocas”.

Portal afirma em sua conclusão: “Um grande fato domina as pesquisas que submeto ao mundo científico: a unidade da religião entre os homens, e como prova, a significação das cores simbólicas, é a mesma em todos os povos e em todas as épocas”. Considerando que toda doutrina se afastando da perfeição original, só pode ir se degradando e se materializando mais e mais, Portal distingue três etapas sucessivas nesta degradação, que faz corresponder na significação dos símbolos, três graus que constituem respectivamente o que denomina a “língua divina”, a “língua sagrada” e a “língua profana”.

A primeira, segundo a definição que dá, parece ser primitiva e anterior à distinção do sacerdócio e da realeza; a segundo nasce nos santuários, quando da constituição do sacerdócio; a última é apenas a expressão material dos símbolos, em conexão com a degenerescência idolátrica devido a incompreensão do vulgar. Guénon faz uma crítica à aplicação pouco rigorosa destas definições no decorrer do estudo de Portal.

Guénon faz notar também como o autor reconhece que os símbolos apresentam em geral duas significações contrárias, que denomina de “regra das oposições”, inclusive exemplificando no uso das cores que estuda sucessivamente. Cabe algumas reservas, no entanto, segundo Guénon:

  • informação insuficiente ou inexata sobre as doutrinas orientais.
  • influência swedenborgiana muito forte, considerando que, em matéria de simbolismo e em outros aspectos, Swedenborg não é um guia perfeitamente certo.

Guénon conclui que esta obra, mesmo com as restrições citadas, merece todo interesse, nem que seja pela exclusividade com que trata do tema.

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