As propriedades básicas de simpatia ou antipatia na matéria são os Quatro Contrários. No Parlement, Chaucer enumera seis: “quente, frio, pesado, leve, úmido e seco”. [Le Parlement des Oiseaux, 379. Chaucer escreveu em três idiomas. Esta obra tem original francês e tradução para o inglês.] Mas a lista usual é de quatro: “quente, frio, úmido e seco”, como em Paraíso Perdido, II, 898. Nós os encontramos no Caos de Milton de forma assim bruta, porque o caos não está no Universo, mas apenas na matéria-prima. No Mundus construído por Deus dessa matéria-prima, nós os encontramos apenas combinados. Eles se combinam para formar os quatro elementos. A união de quente e seco transforma-se em fogo; a de quente e úmido, em ar; a de frio e úmido, em água; a de frio e seco, em terra. (No corpo humano, eles se combinam com um resultado diferente, como veremos mais adiante). Há ainda um quinto elemento ou quintessência, o éter; mas ele só é encontrado acima da Lua e nós, mortais, nunca tivemos experiência com ele.
No mundo sublunar — em sentido estrito, na Natureza — todos os quatro elementos se ordenaram de acordo com o seu “lugar natural”. A terra, a mais pesada, se reuniu no centro. Sobre ela repousa a água, que é mais leve; sobre essa, o ar que é ainda mais leve. O fogo, o mais leve de todos, sempre que esteve livre, fluiu para cima, para a circunferência da Natureza, formando uma esfera celeste bem abaixo da órbita da Lua. Assim, um dos Titãs de Spenser passa, em sua ascensão, primeiro pela “região do ar”; depois, pela “do fogo”, antes de alcançar o “círculo da Lua” (A Rainha das Fadas VII, vi, 7, 8). E em Donne, a alma de Elizabeth Drury viaja do ar para a Lua tão rápido que ela não sabe dizer se passou pela esfera do fogo ou não (Second Anniversary [Segundo Aniversário] 191-4). Quando Dom Quixote e Sancho Pança pensam que haviam alcançado esse estágio em sua ascensão imaginária, o cavaleiro fica com muito medo de que eles fossem queimar (II, xli). A razão pela qual as labaredas sempre se movem para cima é que o fogo está buscando o seu “lugar natural”. Mas as labaredas são fogo impuro e é somente sua impureza que as torna visíveis. O “fogo elementar” que forma uma esfera celeste logo abaixo da Lua é fogo puro, não adulterado; e, consequentemente, é invisível e completamente transparente. Foi esse “elemento de fogo” que “foi expulso” da “nova Filosofia”. Essa foi parte da razão que levou Donne a fazer Elizabeth Drury [Essa personagem é a pessoa a quem Donne dedica An Anatomy of the World Uma Anatomia do Mundo, 1611. Era filha de seu protetor, Sir Robert Drury, e havia falecido. Essa e outras mortes ocorridas na vida do autor tornaram seus versos bastante melancólicos, carregados e obscuros. (N. T.)] passar muito rapidamente por lá, a fim de resolver essa questão vexatória.