4. O problema do ser (wojud) é o alicerce das posições filosóficas, a base das questões teológicas, o pivô sobre o qual gira o moinho da ciência do Tawhîd, da ciência da escatologia (ma’âd), da Ressurreição dos espíritos e dos corpos, bem como de muitas coisas para a descoberta das quais éramos um indivíduo isolado, o único a trazê-las à luz. Para aqueles que ignoram a ciência do ser, a ignorância invade as próprias fontes de problemas e perguntas primordiais. Por desconhecer a ciência do ser, ele perde os mistérios e segredos do conhecimento elevado, a ciência das coisas divinas e as profecias a respeito delas, o conhecimento da alma, de suas conjunções (com seu Princípio) e de seu retorno ao Princípio de seus Princípios, ao fim de seus fins.
Por todas essas razões, julgamos oportuno começar a expor essa ciência do ser no presente livro, onde nos propomos a tratar das fontes das realidades metafísicas da Fé e das posições da filosofia mística e da teosofia. Portanto, começaremos aqui com as filosofias do ser, e demonstrando que o ser é o princípio positivo em todo ser (mawjûd), ou seja, que é a realidade (haqîqat). Qualquer coisa que não seja o ser é como um reflexo, uma sombra, um simulacro.
Em seguida, mencionaremos algumas posições doutrinárias sutis e algumas filosofias importantes que, por favor e inspiração divinos, vieram à mente: questões nas quais consiste o conhecimento da Origem e do Retorno; o conhecimento da alma e da Ressurreição que a une aos espíritos e corpos; o conhecimento da profecia e walâyat; o mistério da descida da Comunicação Divina (waby) e dos Sinais; angelologia, com as inspirações e sinais que são devidos aos Anjos; demonologia, com as sugestões e dúvidas que são obra dos demônios; a tese do mundo da tumba e do mundo intermediário (barzakh); a maneira pela qual Deus conhece as coisas em sua forma universal e em sua realidade particular; o conhecimento do Decreto Pré-eterno e do destino, do Cálamo e da Tábua; a tese dos arquétipos da luz ou das Ideias platônicas; a questão de saber se a intelecção é identificada (ittihâd) com os inteligentes e se a percepção sensível é identificada com seu objeto; a questão de saber se o que é simples, como a inteligência e o que está acima dela, é a totalidade dos seres; a questão de saber se, embora suas espécies e indivíduos difiram em quantidade, e seus gêneros e diferenças sejam diversificados por definição e por essência, o ser em sua totalidade é uma única substância (jawbar), tendo uma e somente uma ipseidade, simplesmente apresentando níveis e graus mais altos e mais baixos. Tudo isso, entre outras questões que somente nós trouxemos à luz, em cuja descoberta fomos uma figura isolada, e que tratamos separadamente em nossos livros e opúsculos, buscando assim nos aproximar de Deus, para encontrar acesso ao Princípio dos Princípios, o Primeiro dos Primeiros.