Schuon (EPV) – O que é e o que não é a sinceridade

Quantas vezes temos de ler ou ouvir que determinado indivíduo está muito enganado, ou que é corrupto ou criminoso, mas que é “sincero”, e, consequentemente, “procura Deus à sua maneira” e outros eufemismos do mesmo gênero — o que, na verdade, quer dizer: não se preocupem, ele não faz nenhum esforço nem pela verdade nem pela virtude. Essa opinião realmente perversa é uma manifestação entre outras do subjetivismo moderno, segundo o qual o subjetivo mais contingente prevalece sobre o objetivo nos próprios casos em que este é a razão de ser daquele e, portanto, determina o seu valor. Quer dizer que o sincerismo em voga, longe de ser moral ou espiritual, é apenas o individualismo relativamente cínico: aliás, com um matiz cínico, visto que querer dominar-se e sublimar-se é querer ser mais do que os outros — como se nosso esforço para nos aperfeiçoarmos impedisse os outros de fazerem o mesmo.

O que é e o que não é a sinceridade — tópicos

Frithjof Schuon